Em todo o mês de outubro, levantamentos multitudinários foram testemunhados em dois importantes países do Oriente Médio: Líbano e Iraque. As raízes de tais justos movimentos, que foram espontâneos e tomaram vultos extremamente violentos e combativos, são a miséria, desemprego, corrupção e todo o sistema político semicolonial e semifeudal putrefato.
Hadi Mizban
No Líbano, o primeiro-ministro Hariri foi obrigado a renunciar; mesmo assim, protestos prosseguem
Iraque é sacudido por rebeliões
O povo iraquiano se rebelou aos milhares em uma semana de protestos pelo direito ao trabalho e acesso aos serviços públicos, além de rechaçar o sistema político vigente. Os protestos, iniciados no dia 1º de outubro, tornados diuturnos por todo o país, e retomados no dia 25 de outubro, tomaram grandes proporções com ações combativas das massas. Pelo menos 216 pessoas, incluindo no mínimo dez membros das forças de repressão, foram mortos, e 6,1 mil pessoas ficaram feridas.
No dia 26 de outubro, segundo dia de protestos após manifestantes retornarem às ruas, o velho Estado fantoche iraquiano mobilizou tropas da Força Antiterrorismo (FAT) para dizimar e prender os manifestantes: “Vamos usar todas as medidas necessárias [para deter os protestos]’’, disse um membro das forças da repressão ao monopólio de imprensa Reuters.
Por volta da meia-noite entre os dias 26 e 27/10, as tropas da FAT assumiram os postos de controle nos bairros ao redor da Praça Tahrir, em Bagdá, e começaram a expulsar os manifestantes. As forças da repressão, que dispararam gás lacrimogêneo, não conseguiram evacuar a praça, e as massas prosseguiram seu protesto bravamente. O Ministério do Interior e os militares emitiram declarações no mesmo dia dizendo que alguns manifestantes haviam atacado edifícios do governo e escritórios de partidos políticos.
Pelo menos 67 manifestantes foram assassinados desde que os protestos recomeçaram no dia 25, depois de 149 pessoas terem sido mortas na onda de manifestações no início do mês.
No dia 6 de outubro, oito prédios de partidos eleitoreiros do Iraque e 51 edifícios de instituições públicas e privadas foram incendiados durante as manifestações. A informação foi veiculada por Saad Maan, porta-voz do Ministério do Interior do Iraque, em entrevista a jornalistas em uma coletiva de imprensa em Bagdá. Maan também disse que dois postos de controle da polícia foram incendiados durante os protestos.
Em um dos episódios de repressão, alguns manifestantes, em sua maioria jovens, foram encurralados ruas laterais perto de Sadr City por tropas militares, que dispararam à queima roupa e na direção da cabeça dos jovens.
No dia 5, manifestantes já haviam saído às ruas em duas cidades do Sul do Iraque em protestos que incendiaram sedes de partidos políticos reacionários, segundo informou o monpólio da imprensa Associated Press News. As “autoridades” policiais e políticas descreveram o protesto como “muito grande”.
Um dia antes, também na província de Diwaniyah, o conselho provincial foi invadido por manifestantes. “Centenas de manifestantes invadiram o prédio do conselho provincial após violentos confrontos com as forças de segurança”, disse o tenente de polícia, Jassim al-Tamimi, à imprensa local Anadolu. Na ocasião, dezenas de manifestantes foram feridos por tiros, e as massas responderam ferindo os agentes das forças policiais com pedras.