Os Exércitos Populares, dirigidos pelos maoistas na Índia, Filipinas, Peru e Turquia, obtêm seus armamentos principalmente conquistando-os da própria contrarrevolução que os combate. Mao Tsetung afirmava que os Exércitos reacionários são o furriel armeiro do Exército Popular. Porém, como é possível um Exército menos armado e via de regra menos numeroso que o do inimigo conquistar-lhes as armas? Essa resposta está na forma como combatem.
Na guerra, embora em termos numéricos absolutos exista uma desvantagem, os revolucionários a compensam com o manejo da guerra prolongando-a por três etapas estratégicas bem definidas, segundo o conceito estratégico de superioridade relativa, aplicando em cada batalha a “superioridade absoluta”. Nesta estratégia e tática geral está incluída a participação total das massas revolucionárias, cercando as forças da contrarrevolução quando estas pensam ter-lhes cercado.
A tática formulada por Mao Tsetung, em outras palavras, consiste em que os revolucionários, tendo como retaguarda as bases de apoio nas zonas rurais, realizam suas ações ao redor delas visando ampliá-las (zonas guerrilheiras) e, quando a contrarrevolução avança em maior número para cercá-los, eles se retiram, obrigando os reacionários a dividirem suas forças para persegui-los no interior ou nos arredores das bases de apoio; os revolucionários mantêm a iniciativa e fustigam as tropas oponentes para criar instabilidade e forçá-las ao erro; até que os revolucionários e as massas encontram o momento apropriado para concentrar grande parte de suas forças para atacar uma unidade da contrarrevolução isolada, numericamente inferior às forças revolucionárias na batalha concreta, uma a uma.
“Você confia nas armas modernas e nós nas massas populares com uma alta consciência revolucionária; você põe em jogo sua superioridade e nós a nossa. Quando você quer nos atacar, não permitimos que você o faça e sequer nos encontre. Mas quando atacamos você, atingimos o alvo, assestamo-lhe golpes precisos e o aniquilamos plenamente”, assim sintetizou o Partido Comunista da China.
Após derrotadas, as tropas da contrarrevolução são obrigadas a debandar da zona e são perseguidas pelos revolucionários, que logo recuperam os territórios perdidos e ganham novos, nos quais gera-se vazio de Poder e onde ergue-se o Novo Poder. Os combatentes, então, distribuem-se na zona para realizar trabalho político e ajudar o povo a instaurar o Novo Poder popular, onde liquida-se a exploração semifeudal (distribuindo as terras dos latifúndios) e o domínio da grande burguesia e do imperialismo. Assim a Revolução desperta a consciência revolucionária das massas e incorpora-nas, pouco a pouco, em meio à guerra prolongada, nas fileiras da revolução: nos Comitês Populares e no Exército Popular; os mais avançados, mais conscientes e mais devotados à revolução se integram ao Partido Comunista.
- Carlos Oliveira
- Ano XVIII, nº 233 - 2ª quinzena de Junho e 1ª de Julho de 2020