O custo da cesta básica aumentou absurdamente em 15 das 17 capitais analisadas em uma apuração da pesquisa nacional de custo da cesta básica de alimentos, realizada pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Segundo a pesquisa, em outubro, o conjunto de alimentos básicos necessários para as refeições de pessoas adultas durante um mês teve um aumento que comprometeu, em média, mais da metade de um salário mínimo. Segundo o Dieese, para um ser humano se alimentar com dignidade e cobrir todas as necessidades básicas, em tese garantidas pela Constituição, seria necessário um salário mínimo de mais de R$ 5 mil.
“Quando se compara o custo da cesta com o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto referente à Previdência Social (alterado para 7,5% a partir de março de 2020, com a ultrajante ‘reforma’ da Previdência), verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em outubro, na média, 53,09% do salário mínimo líquido para comprar os alimentos básicos para uma pessoa adulta. Em setembro, o percentual foi de 51,22%”, diz o Dieese.
Cesta básica custa mais da metade do salário mínimo. Foto: Reprodução.
Com base na cesta mais cara, que é a de São Paulo e custa R$ 595,87, o Dieese calculou em R$ 5.005,91 o salário mínimo necessário para as despesas básicas de uma família de quatro pessoas, dois adultos e duas crianças. Esse valor corresponde a 4,79 vezes o mínimo oficial, de R$ 1.045.
Os alimentos que mais tiveram alta de preço durante a pandemia foram o óleo e o arroz, em todas as capitais analisadas. Em São Paulo, a cesta básica aumentou para R$ 595,87, uma alta de 5,77% em comparação ao mês de setembro. Neste ano, o preço do conjunto de alimentos subiu 17,64% e, em 12 meses, 25,82%.
No caso do óleo de soja, o óleo de cozinha, o destaque ficou para Brasília (que teve aumento de 47,82%), João Pessoa (21,45%), Campo Grande (20,75%) e Porto Alegre (20,22%). Ainda de acordo com o Dieese, o tempo médio necessário de trabalho para adquirir os produtos da cesta foi de 108 horas e 2 minutos, acima de setembro (104 horas e 14 minutos). Com o aumento da cesta básica, o trabalhador remunerado com salário mínimo compromete 53,09% do salário líquido para comprar os alimentos básicos, ante 51,22% no mês de setembro.