No dia 12 de novembro, cerca de 40 moradores revoltados com o assassinato por policiais de um menino de 12 anos, conhecido como Naninho, protestaram nas ruas do bairro Costeira do Pirajubaé, em Florianópolis, Santa Catarina. Os familiares e moradores gritaram palavras de ordem contra a Polícia Militar (PM) e atearam fogo em objetos para fechar uma das vias do bairro.
Naninho foi morto na comunidade da Costeira no dia 11/11, após militares dispararem duas vezes contra ele, sendo uma delas na sua cabeça. Como de praxe, a polícia acusou o menino de ser traficante, porém, a versão foi desmentida por familiares e amigos.
Manifestantes protestaram contra a violência policial em Santa Catarina. Foto: Jacson Botelho.
“Ele gostava de jogar futebol, estava fazendo atividades em casa agora que não está tendo aula presencial, era uma criança dócil, estamos sem acreditar que isso está acontecendo. A minha outra irmã ouviu os disparos, eram muitos tiros, nós descemos de pijama para ver o que estava acontecendo”, contou uma das irmãs de Naninho. O jovem sequer tinha antecedentes criminais. “Meu irmão gostava de dormir cedo, era criança na essência, nunca se envolveu com coisas erradas. Gostava de jogar futebol e brincar com o cachorrinho que ele havia ganhado de um vizinho”.
Naninho é o terceiro filho que dona Ivanilda perde assassinado por policiais. Em entrevista ao jornal A Verdade, a mulher destacou a importância do ato e mostrou a sua indignação com a violência do velho Estado reacionário:
“A gente tem que se unir e brigar pelos direitos da gente! Porque é mais fácil a PM matar o filho de um pobre, é mais fácil eles forjar uma criança, e dizer que a criança era um traficante e matar, é mais fácil pra eles!”, desabafou ela.
Dona Ivanilda ainda denunciou que seu filho já vinha sendo ameaçado pelos policiais: “Eles iam pra minha casa todo dia, e um deles ainda ergueu a balaclava e falou pro Naninho: ‘Olha bem no meu olho, que nós vamos fazer contigo o que fizemos com os teus dois irmãos’, e eles fizeram”, completou a mãe. O adolescente morava com a mãe, duas irmãs e uma sobrinha.
No dia 13/11, outro protesto eclodiu. Dessa vez, manifestantes bloquearam uma das faixas da via Expressa Sul em Florianópolis; o protesto começou por volta de 12h com o fechamento do trecho da SC-401 na Costeira do Pirajubaé, no sentido Centro.
Os manifestantes atearam fogo em pedaços de madeira e lixo para impedir a passagem de veículos. Para liberar a via, a PM usou bombas de gás, spray de pimenta e balas de borracha contra a massa revoltada, demonstrando novamente a brutalidade utilizada pelas forças de repressão contra o povo.