Após sofrer ameaça de “reintegração de posse”, que tinha como prazo o dia 2 de janeiro de 2021, o povo Xokleng Konglui retirou-se, no dia 01/01, da Floresta Nacional (Flona) de São Francisco de Paula (RS). A área é reivindicada como parte do seu território tradicional e havia sido retomada em 12 de dezembro. Não obstante, os indígenas seguem resistindo com acampamento do lado de fora da cerca da Flona, nas imediações da rodovia RS-484.
Kullung Veitcha Teiê, uma das mulheres à frente da retomada Xokleng, enfrentando o oficial da Justiça e os agentes da GPI da Polícia Federal. Foto: Alass Derivas.
Mesmo após a retirada voluntária das famílias Xokleng, agentes públicos – a Polícia Federal (PF); o Grupo de Pronta Intervenção da PF; Francisco Aureliano Dorneles Wit, funcionário da Funai; e um oficial de Justiça – chegaram ao local, no dia 02/01, para executar a ordem de despejo da Justiça Federal de Caxias do Sul, solicitada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) – órgão responsável pela gestão da Flona e que tem em vista entregá-la à iniciativa privada.
No mesmo dia, as lideranças da comunidade Xokleng emitiram uma nota explicando a saída temporária de parte de seu território e anunciando que a luta continua. “Não vão nos amedrontar com ameaças de remoção forçada e muito menos nos intimidar através de medidas judiciais protelatórias ao nosso direito. Nossa retomada é sopro de vida, sinal de esperança e símbolo de luta e resistência. Seguiremos unidos aos demais Povos do Brasil contra as injustiças, pela demarcação de todas as terras, defendendo-as e combatendo a tese do marco temporal e as demais manobras políticas e jurídicas criadas para nos roubar a terra”.