Na noite do dia 10 de fevereiro, centenas de moradores da favela do Jacarezinho fizeram um combativo protesto contra a execução de um jovem dentro de sua casa. Os moradores denunciam os crimes da Polícia Militar (PM), que assassinou João Carlos Sordeiro Lourenço, de 23 anos, em frente à sua mãe.
Revoltados, os moradores foram até a Avenida Dom Hélder Câmara e ergueram barricadas em chamas, interditando totalmente uma das principais avenidas da zona norte do Rio. Policiais militares tentaram reprimir as massas com tiros de bala de borracha, disparos de arma de fogo, bombas de gás lacrimogêneo e veículos blindados. Contudo, mesmo com a repressão, as forças reacionárias não conseguiram acabar com a rebelião das massas, que seguiram em protesto noite adentro.
Dias antes, em 22 de janeiro, moradores da favela do Jacarezinho, zona norte do Rio de Janeiro, fizeram uma manifestação que percorreu as ruas da favela denunciando os abusos e crimes cometidos por policiais militares durante a ocupação da comunidade.
Os manifestantes levavam à frente do ato uma grande faixa com os dizeres Paz sem voz é medo. Durante a marcha, os moradores exigiram justiça e gritaram palavras de ordem em denúncia aos abusos que estão sendo cometidos pela Polícia Militar (PM).
Jovem é preso ao comprar pão
No dia 6/02, o jovem de 21 anos Yago Corrêa de Souza foi preso por policiais acusado injustamente de associação ao tráfico. De bermuda e camisa de time, o jovem saiu no começo da noite para comprar pão em uma padaria na favela do Jacarezinho. Ao perceber que policiais militares estavam provocando distúrbios, foi correndo junto a outras pessoas para uma farmácia para se abrigar. Um policial com fuzil e outro com pistola em riste adentraram na farmácia atrás de Yago e o levaram preso, sem quaisquer provas, por “envolvimento com o tráfico”.
Yago foi para o presídio de Benfica e lá ficou até ser solto no dia 08/02, quando a “justiça” concedeu liberdade provisória ao rapaz. Ao deixar a prisão, o jovem denunciou as condições do presídio e também sua prisão injusta: “Horrível. Passei fome, comida estragada. Eu quero justiça!”, exclamou Yago. O jovem ainda responderá na justiça por um crime que a polícia, sem qualquer evidência, o acusou. Yago trabalha junto com a irmã e sonha ser goleiro de futebol profissional.
‘Cidade Integrada’
Desde o início do Programa “Cidade Integrada”, invasões de residências e furtos de dinheiro e pertences dos trabalhadores têm sido comuns. Além disso, os moradores denunciam que os tiroteios na comunidade continuam frequentes, colocando em risco as crianças e os trabalhadores.
O Programa “Cidade Integrada” é o nome do novo programa do governo do estado, para praticar o extermínio da população preta e pobre das favelas do Rio, sob a máscara de “guerra às drogas". O programa foi criado pelo governador reacionário, Cláudio Castro, em lugar do fracasso da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). A Operação se estendeu até Muzema, na Zona Oeste.