Amaro Lins — ex-guerrilheiro do Araguaia — hoje faria 82 anos. Homem do povo, simples, como simples são todos os homens que não se deixaram corromper pelo sistema capitalista selvagem. Para ele, bastava ter uma moradia com o mínimo de sobrevivência, como terra para plantar.
Tinha um grande sonho — queria que todos tivessem condições dignas de vida, que para ele, como já disse acima, bastava pouco, e foi à luta por esse sonho. O sonho de uma sociedade igualitária, onde todos pudessem ter acesso ao mínimo de sobrevida, que é: alimento, moradia, educação, trabalho, enfim, uma sociedade justa.
Hoje está em outra dimensão, e nós sabemos que o sonho continua. Não morreu e continua em cada um de nós que tem o mesmo sonho. E, por esse sonho, por você que não viu esse sonho se realizar, por todos vocês ex-guerrilheiros do Araguaia que morreram combatendo por esse sonho.
Queremos dizer muito obrigado, o sonho não acabou, continua em cada um de nós.
Filhos, amigos e todos os brasileiros que sofrem as injustiças desse sistema, desejamos a vocês (ex-guerrilheiros) e ao nosso pai Amaro Lins esse poema que ilustra tão bem o nosso sonho, que um dia, nem que passem mil anos, se tornará realidade.
Cidade prevista
Dos filhos, netos e bisnetos
de Amaro Lins
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Carlos Drummond de Andrade
(extraído de “A Rosa do Povo” – 1943/1945)