Uma agressão turca aos curdos do norte do Iraque, a pretexto de "combate ao terrorismo" é iminente. O Estado fascista turco quer se aproveitar da morte de alguns soldados pra empreender uma grande campanha de repressão ao movimento de libertação nacional curdo, liderado pelo Partido dos Trabalhadores do Curdistão — PKK, que desenvolve a luta armada desde 1980. O Curdistão é uma região de aproximadamente 500 mil km² que se localiza na fronteira entre a Turquia, Iraque, Irã, Síria, Armênia e Azerbaijão.
Aos curdos sempre foi negado o direito de auto-determinação. A opressão desta nacionalidade pelos turcos data do Império Otomano e se manteve com o advento da república turca, que reprimiu cerca de 24 levantes populares dos curdos.
Há ainda a guerra popular que se desenvolve na Turquia desde a década de 1970, que visa destruir o Estado turco que oprime o próprio povo turco e várias nacionalidades.
Agora, os reacionários turcos tencionam invadir a parte do Curdistão ao norte do Iraque, região que conquistou uma liberdade vigiada após a invasão da coalizão imperialista liderada pelo USA.
Abaixo, segue nota do Partido Comunista da Turquia — TKP/ML, em defesa do povo curdo.
Mesmo as tropas sendo enviadas para o curdistão, isto não constituirá uma vitória do estado fascista turco!
Para nosso povo trabalhador de diferentes nacionalidades:
O Estado fascista turco decidiu, durante o "Grande Conselho Nacional
Turco", onde toma suas decisões de aniquilação, santifica o
nacionalismo, tece intrigas e faz o jogo de uma falsa democracia,
iniciar uma nova operação externa. Tomou a decisão de atacar
abertamente e de aniquilar as forças nacionais curdas e as massas
trabalhadoras dentro e fora do país usando toda e qualquer
oportunidade.
Desde sua fundação, o Estado turco, que tem
uma história cheia de massacres, sempre negou a existência dos Curdos.
Quaisquer reivindicações, pedidos ou palavras citando a existência dos
Curdos foram sempre respondidas com massacres. Os Curdos sempre foram
considerados como os ‘outros’, foram assassinados e sua existência
nunca foi aceita.
A nação curda nunca aceitou essa negativa e
essa devastação; tem resistido e se rebelado, mesmo sendo oprimida,
morta e enviada para o exílio. Os 84 anos de resistência da heróica
história curda merecem ser tomados como exemplo.
A estabilidade da resistência da nação
curda alcançou o estágio que sempre mereceu ter, embora pague o preço
de sofrimento e de massacres. Não há força capaz de tirar a nação curda
do patamar que alcançou. Mesmo não querendo, as forças imperialistas e
seu lacaio, o Estado turco, foram forçados a aceitar a existência dos
Curdos. O Estado turco quer manter esta existência dentro dos limites
do pacto nacional (o tratado nacional que estabelece certas regras para
o Império Otomano) e quer que ele seja uma implementação do
"turquinismo". Todos os esforços e agitação do Estado turco se
concentram nisto.
Fica muito claro que a decisão de operação
externa possui dois objetivos. Primeiro, intimidar o conflito em curso
envolvendo a federação no Curdistão iraquiano; segundo, fazer com que
as forças de resistência do Curdistão turco se tornem inativas. Também
desta vez o Estado turco não vai ter êxito. A iniciativa da operação
externa irá terminar da forma desapontadora como o foram as outras 24
operações.
Uma semana depois da decisão o Estado turco
— que sofreu sérias perdas por causa das ofensivas das FDP (Forças de
Defesa Popular) e teve de retornar das operações com as mãos vazias —
começou a instigar as forças fascistas e reacionárias. Os escritórios
provinciais e regionais do PSD (Partido da Sociedade Democrática) foram
bombardeados, locais dos acampamentos curdos estão sendo atacados,
manifestações e mobilizações estão sendo organizadas pelos fascistas
que incitam o nacionalismo fazendo com que as pessoas coloquem
bandeiras turcas na frente de suas casas; manifestações são
incentivadas e aumenta o ódio contra os Curdos. Tudo isto cria uma base
para jogar os trabalhadores curdos e turcos uns contra os outros e se
perpetrar um massacre curdo dentro do país.
Os Curdos não estão sozinhos. Seus amigos
são os trabalhadores turcos e os trabalhadores de diferentes
nacionalidades. A mão do Estado turco que se levanta contra a nação
curda será detida pelos amigos e operários da nação curda.
A luta da nação curda por seus direitos,
para fazer com que sua existência seja aceitável e para decidir seu
próprio destino, é justa. Quem divide e aterroriza é o Estado turco.
Abaixo a ditadura fascista!
Nenhuma força pode incitar os trabalhadores turcos e curdos a lutarem uns contra os outros!
Vamos nos posicionar contra a operação externa!
Viva o direito de autodeterminação!
Quebec, 28 de outubro.
Birô Externo do TKP/ML