O Haiti passou por eleições depois de quase um ano do terremoto de 7.3 na escala Richter e em meio a uma epidemia de cólera sem precedentes. Os protestos no país são abafados, o povo é reprimido, são publicadas inverdades e a imagem que os meios de comunicação passam é a de extrema violência – negra do tamanho do preconceito impingido ao povo haitiano – e como se ele estivesse à beira de uma guerra civil. Tudo em nome da legitimação da ocupação em um país que, desde sempre, resiste. Resistiu à escravidão, ao colonialismo, aos golpes de Estado promovidos pelos impérios de turno, resistiu e segue resistindo à fome e às invasões, mesmo que precariamente, mas com incansável coragem.
O Haiti funciona como laboratório onde se desenvolve toda sorte de games de guerra a serem aplicados nas periferias e favelas de outros países. As favelas do Rio de Janeiro são testemunhas disto. Já são 6 anos de ocupação da ONU e nada ali mudou, exceto as cifras de morte... para mais. O mesmo índice de pobreza, a mesma falta de infra-estrutura que permitiu que o terremoto ceifasse mais de 250 mil vidas e ferisse milhares outras, a mesma ausência de saneamento e serviços de saúde que permite que as doenças e, agora, o cólera se alastrem a cada dia pelo país. Até o momento, são mais de 2 mil mortos e por volta de 100 mil pessoas afetadas, das quais a metade se encontra hospitalizada sem perspectiva de sair com vida.