Quinta-feira, 24 de março de 2011. Trinta e cinco anos depois do golpe que instaurou o regime militar argentino, milhares de pessoas se aglomeram nas imediações do Congresso Nacional, em Buenos Aires. São cerca de 15h e a multidão não para de aumentar. É a hora marcada para a primeira marcha – primeira porque haveria a segunda, marcada para as 17h e convocada pelo governo e seus apoiadores. A marcha pela "Memória, Verdade e Justiça" acontece há mais de quinze anos, de acordo com os organizadores do "Encontro Memória, Verdade e Justiça", uma espécie de coordenador de vários movimentos de "direitos humanos" da capital.

Povo argentino recorda seus mártires durante marcha no dia 24 de março
Desde 2002 é também a Marcha por Júlio Lopez, importante testemunha nos julgamentos dos militares, desaparecido em 2004.
A marcha não é silenciosa, como costumam ser as marchas para lembrar assassinatos. Os argentinos gritam, cantam e dançam. Ao som de tambores, ecoam palavras de ordem, como "onde quer que vocês estejam, vamos buscá-los", referindo-se aos responsáveis pelo terrorismo de Estado. A organização da marcha estima que cerca de 60 mil pessoas caminharam do Congresso até a Praça de Maio, onde fica a Casa Rosada, sede do governo argentino. Os que marcharam são familiares e amigos dos 30 mil desaparecidos, organizações populares, artistas, mas também muitas famílias e gente comum que todos os anos sai às ruas para não esquecer, porque, como estava estampado em um cartaz, "há 30 mil razões para seguir lutando".