Os integrantes do monopólio da imprensa têm as suas estratégias de mercado para viabilizarem-se e sobreviverem enquanto empresas capitalistas que são. Estão sempre em busca de multiplicar ouvintes, leitores, telespectadores, tudo a fim de justificarem os altos preços que cobram em seus espaços publicitários.
Para tanto, recorrem a promoções, dão brindes de tipos e gostos variados e apelam a todo tipo de sensacionalismo para vender jornais e aumentar a audiência. Não raro, recorrem a estratagemas como verdadeiras sessões de inchaço do Ibope fantasiadas de, digamos, "noticiário sério". Um desses estratagemas é travestir o mais puro sensacionalismo com a roupagem de "jornalismo investigativo", tudo com a prestidigitação da câmera escondida.
A câmera escondida hoje é a boia salva-vidas à qual se agarra o jornalismo da Rede Globo, por exemplo, com sua credibilidade devastada junto à população por causa de tanta patranha antipovo há décadas veiculada em toda a sua grade de programação.
Uma câmera escondida, entretanto, não é tão inocente quanto, por exemplo, um dicionário dividido em infinitos encartes embutidos nas edições dominicais dos jornais da grande imprensa. O que está por trás do "sucesso" das câmeras escondidas pela Rede Globo aqui e ali?
Em primeiro lugar, a câmera escondida da Globo entra na favela, entra nos bailes funk, a fim de reforçar os estereótipos elitistas em torno da pobreza, mas não entra nas reuniões de pauta do monopólio da imprensa e nem sequer nos escritórios dos grandes anunciantes da empresa capitalista de comunicação, muito menos nas festinhas do Projac, onde talvez tivesse muito mais o que mostrar do que nos bailes das periferias.