Enquanto o monopólio dos meios de comunicação se esmera para empurrar goela do povo abaixo a ideia de que os verdadeiros escândalos do Brasil são um e outro político de Brasília eventualmente flagrados na corrupção, não repercutiram da mesma forma as denúncias contra a Polícia Militar do DF, que partiram de crianças e adolescentes que vivem nas ruas das cercanias do Palácio do Planalto e do Congresso Nacional, local por excelência de elaboração e gestão das políticas de achacamento e violência contra as classes populares.
As denúncias feitas por crianças e adolescentes sem-teto da área central de Brasília ganharam corpo justamente por meio da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes do Congresso Nacional, o que é uma contradição apenas aparente, porque o cacarejo permanente da defesa dos pobres e das crianças "carentes" é o estratagema predileto dos políticos para fazer fumaça à real função dos seus mandatos eleitoreiros, que é a de servir com fidelidade canina justamente a quem mais oprime as massas.
Um exemplo da natureza inconsequente de CPIs como esta é que elas estão fadadas a reforçar a ideia da "banda podre" da polícia, em vez de expor as características inatas de uma instituição (a Polícia Militar) criada, mantida e reforçada pelo Estado eminentemente para oprimir a população.