A realização de mais uma rodada de farsescos sufrágios na Europa ora assolada pela "crise da dívida" evidencia, talvez mais do que nunca, que a eleição sob a égide da burguesia, não obstante classificada com entusiasmo pelos propagandistas do sistema de exploração do homem pelo homem como "festa da democracia" até bem pouco tempo atrás, é por natureza viciada. Algo que expressa apenas a vontade do poder econômico, antes e em vez da "vontade do povo".
Isso porque as farsas eleitorais realizadas em maio na França e na Grécia atestam que, à medida que a crise geral se aprofunda, os Estados geridos por funcionários dos monopólios eleitos "democraticamente" pela via do sufrágio burguês se concentram cada vez mais em atender às demandas da burguesia e dos financistas por maior margem de manobra em sua busca desesperada por alguma sobrevida.
Em outras palavras: a eleição do "socialista" François Hollande na França e da "esquerda" na Grécia mostram, de uma vez por todas, que não importa a coloração política de quem se apresenta pedindo votos às massas; não é relevante que as forças políticas que aderem ao jogo partidário da democracia parlamentar eventualmente se apresentem, durante o teatro eleitoreiro, como contrapontos à situação ou ao statusquo; de nada adianta as promessas mil de melhorias das condições gerais de vida dos trabalhadores feitas à população diante das câmeras enquanto se assinam acordos nos bastidores com os maiores inimigos do povo.
Independentemente do resultado das urnas, as políticas antipovo vão continuar a ser implementadas a partir de Atenas e Paris da mesma forma como eram antes, como ora o são de maneira impiedosa nas nações europeias "governadas" pelas mais variadas facções eleitoreiras que se acotovelam para conquistar a preferência dos monopólios para executarem o trabalho sujo nas administrações dos Estados burgueses.