"Esse povo nunca esqueceu Gabriel"
No início dos anos de 1980, um jovem revolucionário de sorriso franco e barba cerrada, abnegado advogado do povo, embrenhava-se na região amazônica, na região de Pau Seco, próxima ao município de Marabá, Sul do Pará, e integrava-se de corpo e alma à luta dos camponeses.
Cerca de 160 famílias lutavam pela posse das terras situadas na área da fazenda Mãe Maria e lá, em sua defesa, estava Gabriel Pimenta, o primeiro advogado a ganhar uma causa na justiça em favor dos camponeses sem terra no conflitante sul do Pará. Amigo dos camponeses, inimigo inconciliável dos latifundiários e grileiros, era incansável no estudo e no trabalho. Percorreu estradas de terra, matas, atravessou rios, foi acolhido pelos camponeses.
O decrépito regime militar ruía, mas seguia perseguindo, torturando e assassinado os lutadores do povo. Uma década antes da sua chegada, os camponeses do Sul do Pará tiveram na heroica Guerrilha do Araguaia o despertar da esperança de que finalmente varreriam o latifúndio, a grilagem, o atraso da região e poderiam conquistar a desejada terra, produzir e extrair o seu sustento.
O velho Estado enviara milhares de militares para cercar e aniquilar a Guerrilha. Torturou e assassinou dezenas de combatentes e, igualmente, massacrou centenas de camponeses. Enfrentando mil dificuldades e o terror imposto pelo Estado, os homens e mulheres do campo lutavam e, nessa inóspita frente, tinham em Gabriel Pimenta seu mais fiel combatente.