No USA, o chicago-boy Paulo Guedes prometeu mundos e fundos para magnatas imperialistas. Foto: AFP
Em entrevista ao Atlantic Council, Paulo Guedes (ministro da Economia) prometeu que até o mês de dezembro será aprovado um verdadeiro pacotaço de reformas e privatizações. As medidas citadas pelo ministro incluem a aprovação, pelo Congresso, das reformas tributárias e administrativa e a confirmação das privatizações dos Correios e da Eletrobras.
O ministro está dias a fio fora do Brasil. Ele toma parte em uma série de eventos e reuniões com megaempresários, organizações econômicas imperialistas, tais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e outras “organizações não partidárias de líderes e parceiros” imperialistas (como o próprio Atlantic Council).
A declaração prometendo vender ainda mais o País foi dita em inglês, evidentemente.
FMI reduz previsão de crescimento
Coincidentemente, a promessa feita por Guedes de que até dezembro alcançará a façanha de aprovar quatro medidas em dois meses foi feita logo após o FMI ter reduzido as projeções de crescimento do Brasil.
A queda na expectativa de crescimento foi grande: 5,2% para este ano e 1,5% para o próximo ano. Entre os países emergentes, o Fundo prevê crescimento próximo de 6%. E particularmente para o subcontinente latino-americano são esperados crescimento médio de 3%. Os dados estão no relatório “Panorama Econômico Mundial” e servem como um direcionamento de investimentos para os magnatas do capital financeiro imperialista.
Inflação alcança grandes patamares
A previsão de inflação prevista pelo FMI também é alta: em 2020 a expectativa era de que a taxa de elevação de preços ficasse na casa dos 4,5%. Para 2021 os economistas imperialistas preveem uma alta da inflação ao consumidor chegando a absurdos 7,9%.
No mês de setembro, somente, a inflação oficial (IPCA) alcançou 1,16%. Isso fez com que a taxa acumulada em 12 meses chegasse na casa dos 10,25%. É a maior taxa para o mês desde 1994, ano do início do Plano Real e a primeira vez em mais de 5 anos que a taxa anual atinge dois dígitos.
Como se vê, a vontade de leiloar o País por parte do ministro cresce de maneira proporcional à inflação, à corrosão salarial, à miséria e à fome. “Índices econômico-sociais” que atingem camadas cada vez maiores da população brasileira e que só dizem respeito ao chicago-boy em momentos eleitorais.
Um agente do capital financeiro imperialista
Já é do costume de Paulo Guedes argumentar em favor dos próprios negócios, tal qual ficou revelado na lista dos “papéis de pandora” (em que o ministro figura como dono de empresas offshore).
Porém, desta vez, o ministro Guedes foi além e buscou salvar a confiança e esperança não dos brasileiros, mas de magnatas que esperam o sinal verde para avançar sobre as riquezas nacionais e elevar a níveis máximos a exploração do povo brasileiro. Foi nesse sentido que Guedes prometeu entregar os Correios e a Eletrobras e aprovar as contrarreformas administrativas e tributárias.
Querendo salvar candidaturas, Guedes prometeu ‘combate à pobreza’
Uma série de medidas têm sido discutidas a regime de urgência no objetivo de aumentar as verbas dos programas sociais (como o Bolsa Família). O ministro da Economia, juntamente com outros setores do governo militar de Bolsonaro, vêm chamando de “Fundo de Redução da Pobreza” essas ações.
As ações de natureza econômica estão na alçada de Paulo Guedes e estão sendo seguidas por outros figurões do governo de Bolsonaro, que, entre solavancos, marcha obstinado para ser candidato nas eleições do próximo ano.
O objetivo é que no início de 2022 essas parcelas sejam pagas, funcionando como algo maior que o atual Bolsa Família (cerca de R$ 200) e menor que o primeiro auxílio emergencial (R$ 600). O plano do governo é que o fundo seja abastecido com recursos oriundos da privatização da Eletrobras e dos Correios.
Nessa indefinição quanto à questão de onde tirar uma enorme quantidade de verbas em um espaço curto de tempo, surgiu a possibilidade de até mesmo a Petrobras entrar na arapuca. Paulo Guedes, diretamente do USA, sugeriu a venda de ações da Petrobras para engrossar as verbas do “Fundo de Redução da Pobreza”.
Ato contínuo, o presidente fascista Bolsonaro, concedendo entrevista a uma rádio pernambucana, afirmou que já tem “vontade de privatizar a Petrobrás” e garantiu que falará com a “equipe econômica” sobre o tema. Ao que foi seguido pelo vice-presidente Hamilton Mourão, que afirmou que “a Petrobras terá que ser colocada no mercado”, destacando, porém, que é um tema para o futuro.
Sanguessugas da nação
A corrida eleitoral é o que norteia essas medidas paliativas envoltas no demagógico discurso de “combate à pobreza”. Outro fator que está presente em cada uma dessas medidas é a chamada segurança econômica; segurança para os negócios do grande capital monopolista estrangeiro (imperialismo) e nativo (grande burguesia).
Tais medidas precisarão passar, necessariamente, pelo Congresso nacional. Com isso, a tendência é que as discussões realizadas pelos notáveis e conhecidos inimigos do povo, tendo a frente gente da estirpe de Artur Lira, na Câmara, e Rodrigo Pacheco, no Senado, tenham uma consequência perigosa: amplificar as disputas internas.
Tudo isso expõe a toda Nação o velho toma-lá-dá-cá para aprovar trambiques que, ao fim e ao cabo, não poderão sanar sequer o menor dos problemas do povo trabalhador.
Esses recentes episódios indicam, sem dúvidas, um potencial crescimento das manifestações contrárias aos ataques promovidos pelo governo militar de Bolsonaro/generais. Tal como em 2017, quando, em meio ao governo do bandido Michel Temer, milhões de brasileiros saíram às ruas de todo o país para protestar contra reformas do mesmo tipo.