Camponeses protestaram por mais de duas horas . Foto: Banco de Dados AND
No dia 15 de julho camponeses organizados pela FNL – Frente Nacional de Luta e pela LCP – Liga dos Camponeses Pobres do Norte de Minas e Sul da Bahia bloquearam por mais de 2 horas a BR 365 que liga Montes Claros ao triângulo mineiro. Cortinas de fumaça se formaram das barricadas de pneus e galhos em chamas nas extremidades da ponte sobre o rio Jequitaí.
As bandeiras vermelhas tremularam erguidas pelos camponeses e grandes faixas conclamaram: Abaixo o governo militar genocida de Bolsonaro!, Incra: maior grileiro de terras no Brasil!, Frente Nacional, a luta é geral! Terra, trabalho, moradia e liberdade!, Viva a Revolução Agrária! e Liberdade para os 4 camponeses presos em Rondônia!.
Palavras de ordem e intervenções de companheiras e companheiros denunciaram a grave situação do povo brasileiro com mais de 20 milhões de desempregados, aumento do custo de vida e o genocídio cometido pelo velho Estado brasileiro na pandemia.
Durante protesto, os manifestantes também exigiram vacinação imediata para todo o povo. Foto: Banco de Dados AND
A combativa manifestação com o fechamento total da rodovia é parte do levantamento dos camponeses por todo país dirigido pelas duas organizações e se junta a heroica resistência dos camponeses de Rondônia que tem enfrentado o cerco covarde do velho Estado e forças do latifúndio conluiados na vã tentativa de afogar em sangue a luta camponesa. Esta manifestação se une também à heroica resistência dos camponeses dos Acampamentos Manoel Ribeiro, Tiago dos Santos, Ademar Ferreira e a tantos pelo país afora, como em Bambuí/MG que resistem aos ataques de pistolagem e às centenas de ordens de despejo, dadas pelo judiciário latifundiário, o mesmo do qual faz parte a juíza Lilian Pegoraro Bilharva que mantém 4 jovens camponeses presos em Rondônia, após campanha caluniosa e sem nenhuma prova contra eles.
Os camponeses levantaram alto a bandeira da luta pela terra, reafirmando que nenhuma violência ou berreiro podem detê-la em sua saga pela democratização da propriedade da terra em nosso país, defenderam a justa resistência indígena por seus territórios e repudiaram os covardes ataques cometidos por bandos do latifúndio e velho Estado.
O ato classista, combativo e internacionalista realizou a queima das bandeiras imperialistas dos EUA e Israel, ao mesmo tempo que desfraldou a bandeira da Palestina, que era ostentada pela brava juventude camponesa!
Camponeses queimaram as bandeiras do imperialismo ianque (USA) e do sionismo (Israel). Foto: Banco de Dados AND
Enquanto isso, o engarrafamento só crescia e as barreiras tiveram que enfrentar policias e valentões que se aventuraram em vão a tentar atravessá-las. Um policial a paisana empunhou uma pistola contra os companheiros forçando a passagem com seu carro, porém se viu obrigado a voltar de ré do meio da ponte até o local de onde não deveria ter saído, quando as massas receberam ordem para impedi-lo, o que foi cumprido prontamente, impondo a autoridade das mesmas com advertências, mastros de bandeiras e gasolina. Uma camponesa guiou com contundência o invasor até o seu devido lugar, lançando imprecações, dando exemplo de grande decisão.
Uma viatura da PM de Jequitaí chegou e nada pode fazer por dois motoristas histéricos que queriam passar a qualquer custo. Um dos motoristas encorajou-se com a presença da viatura e tentou arrancar um tronco que estava recém colocado, um dos policiais disse para não fazer aquilo pois iria dar confusão e que seria pior pra eles, pois estavam em minoria.
Famílias inteiras que ficaram paradas no bloqueio se dirigiam até a manifestação para fazer selfies e alguns declararam abertamente o apoio, dizendo que aquilo era lindo, defendendo o protesto para outros que aproximavam.
Barricada com chamas erguidas pelo protesto camponês. Foto: Banco de Dados AND
O vigoroso ato marcado com fogo deslinda campo com oportunistas eleitoreiros que tentam manipular as manifestações para marchas pacíficas e carnavalescas onde cavalgam nos interesses das massas em luta, tentando convencer a opinião pública de que o problema do Brasil é só Bolsonaro, buscando seu impeachment e promover o general Mourão, para continuar o mesmo governo militar genocida, apontando como solução dos problemas do povo, a farsa das eleições em 2022.
Após entoar as canções de luta e bradar as consignas de “é terra, é terra, pra quem nela trabalha e viva agora e já a revolução agrária!” “É morte, é morte ao latifundiário e viva o poder camponês e operário!” “conquistar a terra, destruir o latifúndio!” “Viva a LCP!” “Viva a FNL!” “Viva a aliança operário-camponesa!” os camponeses encerraram o ato com a cabeça erguida, com grande orgulho e o coração em chamas, reafirmando a certeza no caminho da luta combativa, classista e independente!
Camponeses também levavam cartazes exigindo titulação imediata das terras. Foto: Banco de Dados AND