Fotos: Comitê de Defesa das Famílias Olaria Barra do Mirador
No último dia 13 de julho, membros do Comitê de Defesa das Famílias Olaria Barra do Mirador realizaram um vigoroso ato-panfletagem durante a tradicional feira de pequenos e médios produtores realizada semanalmente em Montes Claros, cidade-polo do Norte de Minas. Operários, estudantes e professores denunciaram a perseguição política contra as famílias da comunidade camponesa Olaria Barra do Mirador, em Miravânia. Cerca de 700 panfletos intitulados Perseguição política contra famílias camponesas do Olaria Barra do Mirador foram distribuídos.
Dezenas de pessoas de Montes Claros, além de outras regiões do estado e do país, manifestaram sua indignação frente à criminosa ação da PM no último dia 09/07 e expressaram sua concordância quanto à justeza da luta dos camponeses contra a tentativa de roubo de suas terras e expulsão impostas pelo latifúndio por meio do judiciário e da PM, que resultou na derrubada de seis casas de alvenaria, destruição de cercas, plantações e benfeitorias na comunidade. Pelo megafone, os apoiadores dos camponeses denunciaram que o grileiro Walter Arantes (dono da rede de supermercado BH recentemente preso por “lavagem de dinheiro” na “Operação Lava Jato” e testa de ferra do coronel Newton Cardoso/MDB) encabeça uma vasta e violenta organização criminosa que atua por toda a região, voltada à grilagem de terras públicas e roubo das terras de pequenos e médios proprietários para especulação fundiária.
Por toda manhã, o Comitê de Defesa conversou com feirantes e pessoas que passavam pelo mercado e as palavras que mais ouviram foram “revolta” e “covardia”. Muitas pessoas pegaram panfletos para distribuir em suas cidades, como fizeram alguns professores da cidade de Lontra (próxima à Januária) e de Betim (região metropolitana de BH). Um feirante morador do Assentamento Carlito Maia, em Japonvar, pegou dezenas de panfletos e afirmou: “É um absurdo! 19 anos na terra?! Vou distribuir na reunião do Incra que vai ter lá na roça semana que vem… esfregar na cara deles. Faz 15 anos que estamos no assentamento e é só enrolação, até agora nada dos nossos documentos, já tenho até um poço artesiano no meu lote e tudo que adquiri foi por meio do meu próprio trabalho”.
Pessoas de outras regiões do país presentes na feira também manifestaram sua solidariedade aos camponeses de Miravânia. Uma senhora de mais de 80 anos, indígena guarani, que estava visitando parentes na cidade, numa conversa descontraída, após falar sobre a produção artesanal de rapadura e o “jeito certo” de escolher um frango caipira para abater, disse: “Na minha terra, em Ponta Porã (Mato Grosso do Sul), não aceitamos isto não, fazendeiro não têm vez, temos de resolver isso de outro jeito…”. Turistas da capital paulista declararam sua indignação com esta ação e nos passaram contatos para reproduzir as denúncias por meio de redes sociais e blogs, afirmando que “o governo de Bolsonaro quer acabar com o país!”.
Além de repercutir a denúncia dos crimes cometidos pelo latifúndio e o velho Estado contra os camponeses desde o último dia 09/07, os membros do Comitê de Defesa das Famílias Olaria Barra do Mirador reafirmaram a decisão dos camponeses de persistir na luta por seus direitos e conclamaram o povo de Montes Claros a se unir aos camponeses, quilombolas e indígenas em lutam pela terra por todo o Brasil.
