Foto: Comitê de Apoio ao AND – Norte de Minas
Na última sexta-feira, 5 de abril, o sindicato dos professores da Unimontes (Adunimontes) promoveu uma Audiência Pública no campus da universidade, em Montes Claros, com a presença dos deputados Leninha/PT e Tadeuzinho Leite/MDB (o mesmo que foi cúmplice do crime da Vale em Brumadinho).
Dezenas de professores e estudantes presentes denunciaram a situação de precariedade da instituição e exigiram solução imediata para os problemas mais urgentes que, praticamente, têm inviabilizado o funcionamento das atividades de ensino, pesquisa e extensão na universidade.
As principais denúncias e demandas apresentadas foram: 1) assegurar o transporte, que até então era fornecido para os professores deslocarem-se até os mais de 13 campi da Unimontes por todo o Norte de Minas. Recentemente, sob justificativas orçamentárias, tal transporte foi arbitrariamente suspenso pela reitoria e os professores estão sendo obrigados a arcar com os custos e riscos inerentes às viagens, o que, muitas vezes, tem inviabilizado a realização de aulas, dentre outras atividades acadêmicas; 2) suspensão do corte orçamentário de 30% das verbas para instituição, imposta recentemente pelo governo de Zema/Novo e que já tem resultado na suspensão e ameaça a continuidade de serviços essenciais ofertados pela universidade, em particular, o atendimento médico oferecido pelo Hospital Universitário (único hospital 100% público e gratuito da região, que atende a população de todo o Norte de Minas e mesmo do Sul e Sudoeste da Bahia).
O professor da instituição Gilmar Ribeiro afirmou em sua fala que “há uma enorme evasão de estudantes da instituição por falta de uma política séria de assistência estudantil”. E prosseguiu: “Dos cerca de 20.000 alunos matriculados na instituição, hoje, apenas cerca de 7.000 tem conseguido frequentar seus cursos”. Outro problema levantado pelos professores foi a evasão de professores doutores que, dado ao péssimo plano de carreira e baixos salários, têm procurado outras instituições para desempenharem suas funções profissionais.
Os representantes da Adunimontes denunciam ainda que, diante da alarmante situação colocada pelo recente corte de verbas imposto por Zema, a reitoria tem tomado uma atitude de cumplicidade com o governo e virado as costas à comunidade acadêmica, uma vez que não promoveu qualquer espaço aberto para debater sobre o atual contexto de precarização da universidade, como tem se furtado de participar de espaços democráticos promovidos pelas entidades docentes e discentes. Um exemplo emblemático de tal postura antidemocrática por parte da reitoria foi o cancelamento da visita do governador à universidade. Na ocasião, dia 22/03, o reitor Antônio Alvimar Souza se reuniu com o governador na sede da 11ª Região Integrada de Segurança Pública (pequeno batalhão da PM nas proximidades do campus).
Alguns dos professores e estudantes presentes na Audiência Pública, realizada no último dia 05/04, manifestaram a preocupação de que tal conivência com os cortes de verbas e a insistência por parte da reitoria em não debater com a comunidade acadêmica seja parte de um projeto mais amplo de privatização da Unimontes, objetivo que já foi anunciado, de forma implícita, inúmeras vezes pelo governador em declarações aos monopólios de imprensa.
Os membros do Comitê de Apoio ao AND presentes no evento venderam vários números da última edição do jornal e distribuíram dezenas de panfletos do Comando de Luta pela Greve Geral do Norte de Minas.