Durante a sétima semana de protestos (que iniciaram-se no dia 18 de outubro) no Chile, os carabineros (polícia militar chilena) realizaram uma compra "urgente" de gás lacrimogêneo produzido no Brasil para tentar controlar a revolta popular, segundo o jornal chileno La Tercera. A venda do produto aumentou após as balas de borracha terem seu uso limitado na repressão dos protestos após diversos crimes serem cometidos através do seu uso covarde.
De acordo com o veículo, a direção de logística dos carabineros enviou um comunicado a seus oficiais para informar como funcionam os novos cartuchos, fabricados pela Condor S.A., sediada no estado do Rio de Janeiro. Os artefatos são dos modelos CS GL-202, classificado como de longo alcance lacrimogêneo, e GL 203/3, um projétil lacrimogêneo triplo.
A Condor é a maior fabricante de munições não letais do Brasil, como gases pimenta e lacrimogêneo e balas de borracha, vendidas para todas as polícias militares e civis brasileiras.
De acordo com dados da Direção Nacional de Ordem e Segurança dos carabineros, policiais usaram 98,2 mil bombas de gás lacrimogêneo calibre 37, as mesmas compradas da empresa brasileira, e 18 mil granadas de mão.
A demanda pelo artefato aumentou após o uso de balas de borracha ser limitado, depois de múltiplos casos de pessoas que sofreram lesões oculares praticadas pelos policiais na repressão cruenta.
Segundo o Instituto Nacional de Direitos Humanos do Chile, uma entidade pública independente, mais de 240 pessoas relataram lesões oculares, incluindo cinco pessoas que tiveram perda de visão, e, após um estudo da Universidade do Chile constatar que as balas usadas pelos carabineros possuíam 80% de metais tóxicos (como chumbo e silício) em sua composição, o uso delas foi suspenso em 19 de novembro.
No início de dezembro, a organização Human Rights Watch publicou um relatório que afirma que a polícia chilena cometeu graves abusos de “direitos humanos” durante a repressão aos protestos, que já deixaram ao menos 26 mortos e 13 mil feridos.
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