Imagens do ataque a drones feito pelo imperialismo ianque na Somália. Fonte: MoradNews
No dia 9 de março, as Forças Aéreas ianques realizaram um ataque aéreo bombardeando um micro-ônibus perto da cidade de Janaale, na Somália, localizada a 95 quilômetros da capital Mogadíscio. Os imperialistas tentaram suavizar e alegaram que o ataque matou “cinco terroristas”, supostos “combatentes” do grupo Al-Shabab (“Movimento da Juventude Combatente”). No entanto, familiares das vítimas e políticos somalis contrariam e dizem que, na realidade, os mortos na agressão imperialista se tratavam de civis que viajavam para a capital, e que entre elas estavam dois membros de uma família importante, além de um homem idoso, um jovem de 13 anos e o próprio motorista do veículo.
Na internet foram publicadas fotos dos escombros do ataque, em que é possível identificar alguns dos corpos queimados, como o do pai de Abdullahi Abdirahman Ali, que denunciou o terrorismo do imperialismo ianque no país em uma entrevista à agência de notícias Al Jazeera. Ele afirmou que “os norte-americanos estão mentindo. Eles mataram meu pai idoso. Ele tem 70 anos e mal conseguia se mexer. Ele não podia andar sem a ajuda de uma bengala”.
Desde o início do ano, o Estados Unidos (USA) realizou ao menos 25 ataques aéreos contra o país do Chifre da África, segundo dados veiculados pelo próprio Pentágono (Departamento de Defesa do USA), enquanto em 2019 foram perpetradas mais de 60 agressões do tipo, a maioria por meio do uso de drones.
A intervenção militar imperialista
A ocupação da Somália teve início em 2013, após tropas do imperialismo francês invadirem o Mali (antiga colônia francesa) para combater grupos islâmicos jihadistas que haviam tomado grandes montantes do Norte do território nacional, como parte da disputa no seio das classes dominantes locais. Em meados do mesmo ano, tropas da “Organização das Nações Unidas” (ONU) provindas de diversos países somaram-se às francesas, e as ações se estenderam a países fronteiriços ao Mali, no Chifre da África, como o Chade, Níger, Burkina Faso e a própria Somália, desatando movimentos de Resistência Nacional fundidos e dirigidos por tais grupos islâmicos.
A intervenção militar na Somália é feita oficialmente pela União Africana, porém é coordenada diretamente pela Africom (comando militar do imperialismo ianque no continente africano), e seu principal alvo no país é o Al-Shabaab, que surgiu após décadas de combate do povo somali ao imperialismo, inclusive o social-imperialismo da União Soviética revisionista, no fim século passado.
Apesar de possuir uma ideologia feudal, além de fundamentos da fração latifundiária das classes dominantes, o grupo se tornou o principal expoente na guerra de Libertação Nacional, com origens na ala jovem e radicalizada do Conselho Islâmico (Shura), que foi responsável por organizar a resistência à invasão da Etiópia na Somália na década de 2000, quando o movimento fez um juramento religioso de lealdade semelhante à vassalagem à Al-Qaeda, tornando-se seu braço armado no sul da Somália.
Em 2014, a agência de notícias Al Jazeera noticiou que a assolada e faminta economia camponesa da Somália estava sendo salva pela expulsão de Organizações Não-Governamentais (ONGs) dos territórios controlados pelo Al-Shabaab. “As ONGs compravam comida de fora e nunca de nós, produtores locais”, disse à época um camponês para a agência de notícias do Catar.
O Al-Shabaab, de acordo com o artigo de 2014, organizava também os chamados “projetos anti-ONGs”, que incluíam o “Prato Nacional”, uma organização de restaurantes a preços populares que escoam a produção camponesa local, além da construção de canais de irrigação. A infiltração das ONGs por “agências de inteligência ocidentais” no território somali também é um dos motivos citados pela Al Jazeera para a expulsão desses supostos “grupos humanitários” pela Resistência Nacional.