Encontro do secretário de Relações Exteriores britânico, Dominic Raab, com Juan Guaidó, em Londres, janeiro de 2020. Foto: PA Media
No dia 2 de julho, o Supremo Tribunal do imperialismo inglês decidiu que reconheceria Juan Guaidó como o representante presidencial da Venezuela e que as 31 toneladas de ouro venezuelano retidas no Banco da Inglaterra (BoE, na sigla original), avaliadas em 1 bilhão de dólares (mais de R$ 5,3 bilhões), serão entregues ao “presidente” fantoche.
Guaidó, que trata-se de um títere do imperialismo ianque, autoproclamou-se “presidente” da Venezuela e tentou encabeçar uma tentativa golpe para derrubar o governo de Nicolás Maduro, em abril de 2019, impulsionada pela intervenção do Estados Unidos (USA) através da “guerra de baixa intensidade”. Além disso, Guaidó foi responsável por um segundo plano com o mesmo objetivo, em que mercenários liderados por um ex-soldado ianque tentaram por duas vezes realizar incursões anfíbias na Venezuela, em maio de 2020.
Após o imperialismo inglês anunciar que entregaria o ouro aos golpistas venezuelanos, a conta oficial do Banco Central da Venezuela (BCV), presidido por Calixto Ortega, publicou em sua conta oficial que iria recorrer “imediatamente da absurda e insólita decisão de um tribunal inglês que pretende privar o povo venezuelano do ouro tão urgentemente necessário para lidar com a pandemia de Covid-19”.
Desde 2018 Maduro vem tentando repatriar o ouro venezuelano que está na Grã-Bretanha, frente à possibilidade dele ser congelado ou apanhado devido a sanções internacionais, o que veio a ocorrer. Já no fim daquele ano, segundo o Financial Times, o Banco Central do Reino Unido bloqueou uma tentativa semelhante do governo venezuelano de obter acesso ao seu ouro, seguindo os mandos do imperialismo ianque.
Em 2019, o imperialismo ianque ordenou aos seus lacaios por todo o mundo que “banqueiros, corretores, comerciantes e facilitadores” não negociassem “ouro, petróleo ou outras mercadorias venezuelanas” com o governo eleito de Maduro.
Buscando estrangular a economia da Venezuela, já afetada pela queda dos preços do petróleo, o imperialismo ianque impôs sanções totais contra a nação venezuelana em 2019: todos os bens ligados ao governo venezuelano no USA foram congelados e todas as transações com o país, proibidas. Anteriormente, o USA já havia aplicado outras sanções contra a Venezuela, em especial contra a PDVSA, empresa estatal de petróleo.
Apesar de a Inglaterra alegar que reconhece Guaidó como presidente interino da Venezuela, Calixto ressalta que o Reino Unido mantém um embaixador em Caracas, capital venezuelana, e que o embaixador venezuelano designado por Maduro permanece em seu posto em Londres, o que estabelece uma ambígua legitimação do governo de Maduro pelo Reino Unido.
A “guerra de baixa intensidade” que o USA move contra a Venezuela, por sua vez, consiste em ações efetivas de vários tipos, militares e não militares, econômicas, diplomáticas e ameaças que visam mudar a correlação de forças políticas e militares em função de objetivos definidos. Segundo analisou a Associação de Nova Democracia Nuevo Peru, a “guerra de baixa intensidade”, centrando em ações encobertas, tem por objetivo não alargar o campo de Resistência Nacional e o rechaço internacional.