Funcionários do Samu fazem protesto no Rio — Foto: Reprodução
Funcionários do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) do Rio de Janeiro fizeram um ato no dia 30 de julho, em frente à base do Caju, na avenida Brasil, reivindicando o pagamento dos salários atrasados há três meses.
O problema da falta de pagamento começou depois que veio a público a denúncia do esquema do governo estadual com Organizações Sociais (OS), em cujos esquemas estariam sendo desviados montantes de dinheiro público. Diante das acusações, a Procuradoria-Geral do Estado suspendeu os repasses da Secretaria Estadual de Saúde para a OS OZZ Saúde, que gerencia o Samu na cidade, em plena pandemia do coronavírus e pico de mortes. O contrato da OS com o governo de turno do estado está sendo revisto nesse momento.
“Hoje, por exemplo, estou saindo de um plantão de 24 horas, onde só comi um pão com manteiga e um café, oferecido na casa de um paciente. Sem salário, a gente está ficando sem comida em casa, sem condições de trabalhar. Isso abala muito a gente psicologicamente”, disse um trabalhador.
Segundo uma enfermeira, há colegas passando fome e sem ter como alimentar os filhos, como uma trabalhadora que mora na Costa Verde e se desloca até Jacarepaguá, na zona oeste, para trabalhar. “A gente não está parando porque quer. A gente está parando porque não tem condições de ir trabalhar sem receber salário. Estamos cotizando e pedimos ajuda do Sindicato dos Enfermeiros para enviar uma cesta básica para a colega. A situação é desesperadora”, disse a enfermeira.
Outra enfermeira conta que atualmente somente 30% do pessoal têm condições de trabalhar. Ela disse que o ato do dia 30/07 tinha como principal objetivo chamar a atenção para a situação de abandono e precarização que os profissionais do Samu estão vivendo pelo velho Estado.
“A gente está tentando manter o serviço. Mas sem salário, muita gente está faltando. Sem repasse, a empresa também não consegue fazer a manutenção das ambulâncias, comprar medicamentos e insumos. Tem base na qual a única ambulância disponível está quebrada. Até a suspensão dos repasses, a gente recebia salário, vale de refeição e de transporte. Agora, não tem nada.”, disse a enfermeira.
Nem a OZZ Saúde, nem o governo do estado comentaram sobre a greve do Samu, tampouco deram prazo para o pagamento desses funcionários.