Metalúrgicos da Renault de São José dos Pinhais, no Paraná, em greve contra a demissão de 747 trabalhadores em meio à pandemia. Foto: Vanda Morais
Trabalhadores da montadora francesa Renault em São José dos Pinhais (PR) entraram na terceira semana de greve contra a demissão de 747 funcionários decretada em meio à pandemia do coronavírus. Após mais de 15 dias de mobilização, a empresa se recusa a negociar e mantém as demissões mesmo após decisão judicial expedida no dia 5 de agosto que determinou a reintegração de todos os funcionários.
A greve teve início no dia 22 de julho após a rejeição do Plano de Demissão Voluntária (medida criada para forçar o trabalhador a se demitir em troca de pequenos estímulos econômicos) apresentado pela montadora. Foram realizadas assembleias em frente à fábrica e manifestações nas concessionárias da empresa na região, além de piquetes durante todos os turnos de trabalho.
A montadora alega serem as demissões uma necessidade devido a diminuição de suas vendas e necessidade de diminuir os custos de operação de suas fábricas. No entanto, a empresa recebe desde sua instalação diversos incentivos fiscais para criação de empregos que diminuem seus custos de operação.
De acordo com a lei 15.426/2007 as empresas que recebem incentivos fiscais no estado do Paraná se comprometem com a “manutenção de nível de emprego e vedação de dispensa”. No entanto, a medida não têm sido aplicada, com a anuência do governador Ratinho Júnior (PSD) que age para retardar as negociações no intuito de desgastar a greve, denunciam os trabalhadores.
SINDICATO DENUNCIA NOVO PLANO DE DEMISSÕES
De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SIMEC), a Renault planeja uma nova onda de demissões que atingirá mais de mil funcionários com o objetivo de recontratá-los como funcionários terceirizados, para reduzir seus salários e seus direitos.
Ainda de acordo com o sindicato, a demissão dos 747 funcionários foi orientada em funcionários com problemas de saúde, alguns inclusive infectados com o coronavírus e com cirurgias e procedimentos médicos agendados.
A montadora da Renault em São José dos Pinhais emprega hoje cerca de sete mil funcionários, que vêm desde os últimos meses sofrendo com ameaças de retiradas de direito e redução de salário em até 25%.
As demissões em massa no setor automotivo vêm ocorrendo em todo o Brasil, como a da montadora Nissan, que demitiu 400 funcionários em sua fábrica em Porto Real (RJ) e da montadora Volvo, que demitiu cerca de 2,7 mil funcionários em Curitiba (PR).
PICHAÇÕES EM APOIO A GREVE
Durante a greve diversos muros próximos à montadora apareceram pichados com palavras de ordem como Viva a greve dos trabalhadores da Renault! Preparar a Greve Geral de Resistência Nacional! assinadas pelo Comitê em Defesa dos Direitos do Povo.