Moradora de rua no centro de São Paulo tenta se proteger do frio. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
Com a crise do capitalismo burocrático potencializada pela pandemia de coronavírus, o número de moradores de rua tem aumentado rapidamente, especialmente em São Paulo, capital mais populosa do país e maior polo econômico.
Segundo entidades que trabalham com assistência a pessoas em situação de rua, a pandemia serviu consideravelmente para aumentar este número, uma vez que, muitas pessoas perderam o emprego e ficaram sem condições de se sustentar.
“O grande número de partilha são pessoas que tinham seu emprego, já tinha saído das ruas e tinham conseguido se habilitar na sociedade, mas perderam os empregos e voltaram para as ruas”, afirmou o coordenador do Serviço Franciscano de Solidariedade, Frei João Paulo, em entrevista ao Jornal Jovem Pan.
O Frei ainda afirma que dá para mediar a gravidade da situação pelo número de marmitas que são distribuídas diariamente, que segundo ele, passaram de 2 mil em março para 5 mil em maio. O último cálculo que a prefeitura divulgou, em 2019, mostrou que o número de moradores de rua cresceu 53% em quatro anos, passando de 16 mil em 2015 para 24,3 mil em 2019. Com a pandemia os fatos apontam que em 2020 esse número vai aumentar ainda mais.
A CRISE DO Capitalismo Burocrático
A imensa maioria dos moradores de rua são membros de famílias oriundas, direta ou indiretamente, da zona rural, expulsos de lá pela concentração de terras na mão de um punhado de latifundiários e lançados nas favelas dos grandes centros urbanos; foram submetidos à exclusão por um capitalismo tardio, débil e enfermo que, por natureza, não é e nunca será capaz de oferecer emprego a todos, gerando uma imensa massa de desassistidos pelo capitalismo. Pagar aluguel, para esse setor profundo do proletariado que cai na indigência, é luxo. A resolução de tão grave problema passa então pela compreensão e construção de resistência às causas da sua origem.
Nessas condições, aumenta o número de usuários de crack ou de álcool descontroladamente – pessoas jogadas à desesperança e ao completo vazio material e de espírito –, fazendo crescer todos os problemas da metrópole. Esses problemas, queiram ou não aqueles que deles se beneficiam, só poderão e certamente serão resolvidos por uma grande e profunda transformação social.