Incêndio atinge o prédio 1 do Hospital Federal de Bonsucesso. Foto: Reprodução GloboNews
Um incêndio atingiu o prédio 1 do Hospital Federal de Bonsucesso (HFB), na zona norte do Rio, no dia 27 de outubro. A destruição, resultado ao abandono a que estava submetida a instalação, deixou três pessoas mortas, um homem de 39 anos, uma mulher de 42 e outra de 83, o homem estava internado por conta de uma bactéria e as mulheres por conta da Covid-19, todas as vítimas não aguentaram a transferência.
O incêndio começou por volta de 9h45 da manhã no subsolo da unidade, ainda não se sabe a causa do fogo. Assim que a fumaça preta chegou aos corredores da unidade, funcionários do hospital se apressaram para remover os pacientes mais graves, usando macas e respiradores.
O Hospital Federal de Bonsucesso tem 70 anos e é a unidade de saúde que mais faz atendimento na cidade: são cerca de duas mil pessoas atendidas diariamente. Tudo isso apesar da situação de abandono.
UM CRIME PREMEDITADO
Em 2019, um relatório da Defensoria Pública da União (DPU) constatou uma série de irregularidades no prédio do hospital, tais como: hidrantes desativados, mangueiras danificadas, alto risco de explosão e inoperância do sistema elétrico, superaquecimento de dois transformadores, dentre outros equipamentos obsoletos que apresentavam risco de curto-circuito e a vida das pessoas.
Outra descoberta durante o incêndio do dia 27, foi que a unidade não possui certificado de aprovação do Corpo de Bombeiros, pelo contrário, possui duas notificações e dois autos de infração. Em abril de 2020, o então ministro da Saúde do governo militar de generais e Bolsonaro, Luiz Henrique Mandetta, disse que os hospitais federais do Rio de Janeiro não tinham condições de atender os pacientes de coronavírus, porém fugiu de sua responsabilidade.
Sem mencionar que desde que a Emenda Constitucional (EC) 95 foi aprovada em dezembro de 2016, impondo um congelamento de 20 anos nos gastos com serviços sociais como saúde, o orçamento tem diminuído drasticamente. Somente em 2019, a perda de investimentos na área representou R$ 20 bilhões, o que significa, na prática, a desvinculação do gasto mínimo de 15% da receita da União com a saúde, segundo relata o próprio Conselho Nacional de Saúde.
Quadro de força do hospital na ocasião do relatório da DPU. Foto: Reprodução