Fabrício Queiroz e seu patrão na Alerj, Flávio Bolsonaro. Foto: Reprodução
No dia 3 de Novembro, o Ministério Público do estado do Rio de Janeiro (MPRJ) ajuizou junto ao órgão especial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) uma denúncia contra o senador fascista Flávio Bolsonaro, o seu ex-assessor Fabrício Queiroz e mais 15 pessoas. Todos são investigados por crimes como formação de organização criminosa, peculato, lavagem de dinheiro e apropriação indébita no caso das "rachadinhas", ocorridos entre os anos de 2007 e 2018.
A denúncia foi apresentada no dia 19 de outubro, por meio da Subprocuradoria-Geral de Justiça de Assuntos Criminais e Direitos Humanos junto ao TJRJ. Mas, como o desembargador relator estava de férias, a denúncia foi redistribuída e só chegou a ele neste dia 03/10. O caso está em "super sigilo" de justiça.
Segundo o MP, Flávio Bolsonaro lavou até R$ 2,3 milhões utilizando uma loja de chocolates e negociações imobiliárias. O dinheiro teve origem em um esquema de "rachadinha" comandado por Queiroz no gabinete do deputado bolsonarista, em que os funcionários do parlamentar eram contratados sob a condição de devolver parte de suas remunerações a Flávio. Até paramilitares fascistas se aproveitaram do esquema, segundo o MP.
Ex-assessora confessou ter sido obrigada a devolver mais de 90% do salário
A ex-assessora do gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Luiza Sousa Paes, confessou em depoimento feito em setembro, e revelado pelo monopólio de imprensa O Globo, que nunca atuou como funcionária do filho "01" do presidente fascista Jair Bolsonaro. Ela denunciou que além de não exercer à função para a qual foi nomeada, ainda era obrigada a devolver mais de 90% de seu salário.
Luiza disse que conheceu outras pessoas na mesma situação que a dela (funcionários fantasmas), pessoas que foram nomeadas, porém não trabalhavam, e citou que três pessoas, entre elas, duas filhas de Fabrício Queiroz, Nathália e Evelyn, além de Sheila Vasconcellos, que era amiga da família do ex-policial, também participavam do esquema.
Dados financeiros das três mulheres, já obtidos na investigação, identificavam que elas tinham devolvido para Queiroz R$ 878,4 mil. Foi a primeira vez que um ex-assessor admitiu a existência do esquema ilegal no gabinete do filho de Jair Bolsonaro. Luiza também denunciou que foi convidada para uma reunião, num hotel na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, com o advogado da família Bolsonaro Frederick Wassef, um dia antes de ela prestar depoimento ao MP, em 2018. Wassef não se apresentou como advogado de Flávio, disse somente que era um homem poderoso e achava a investigação contra Flávio uma covardia, e segundo ela, Wassef tentou convence-la a não depor, dizendo que nenhum outro assessor ia falar sobre o esquema.
A denúncia, apresentada agora de algo há muito já sabido, é parte da luta entre a direita militar e civil, encabeçada pelos generais golpistas, contra a extrema-direita de Bolsonaro. Disputa que visa decidir quem comandará definitivamente o governo eleito na farsa eleitoral de 2018, já que ambos têm seus próprios planos de como conduzir o golpe de Estado que está em marcha.
Conforme revelado pelo Editorial de AND da edição 236, Bolsonaro está na defensiva, com medo de ter seus filhos presos e ser deposto, enquanto os generais, manejando o MP e o monopólio de imprensa, segue pressionando o fascista a se submeter a seu controle. Os generais querem um regime militar com aparência civil, para não criar alarde na opinião pública e não ampliar a resistência popular, e por isso quer controlar o Bolsonaro, que quer um golpe militar já, com ele no poder.