Moradores montaram barricadas no bairro Buritizal. Foto: Reprodução G1
No dia 10 de novembro, moradores revoltados após nove dias de apagão, se reuniram e atacaram uma base da Polícia Militar (PM), no conjunto Macapaba, zona norte de Macapá. Eles reagiram à brutal repressão da PM, praticada durante os atos contra o descaso e abandono dos governos de turno na ocasião do apagão. No dia 6 de novembro, um exemplo da bestial repressão veio a tona com um adolescente sendo atingido no olho por um tiro de bala de borracha disparado por um policial.
Centenas de moradores bloquearam um trecho da BR-210 por cerca de oito horas e, depois, eles se reuniram em frente ao conjunto habitacional Macapaba, local que abriga 4 mil moradias populares, e que fica próximo da rodovia interditada.
Para chamar atenção para a situação caótica na qual estão submetidos, os trabalhadores queimaram pneus e pedaços de madeiras, e até crianças e idosos participaram do ato. No prédio do conjunto habitacional funcionava uma Unidade de Polícia Comunitária (UPC), que foi invadida pelo povo. As massas revoltadas quebraram vidros, levaram botijões, geladeira e extintores de incêndio.
Moradores fecharam BR-210 por cerca de oito horas. Foto: PM/Divulgação
Além da falta de energia, a população do conjunto habitacional cobra outros problemas no Macapaba, como a melhoria no fornecimento de água tratada e segurança. Segundo a própria PM, policiais tiveram dificuldades em conter os manifestantes, por cerca de 8 horas. Segundo balanço da Polícia Militar, entre o dia 6 e a madrugada do dia 10 de novembro foram mais de 50 protestos contra as falhas no fornecimento de energia.
Outros atos cobrando a normalização do serviço de energia aconteceram em outros pontos da cidade, como no bairro Buritizal, na zona sul, em cujo local os moradores também queimaram pedaços de madeira e outros itens para chamar atenção.
Por exemplo, no dia 9 de novembro, as massas bloquearam a rodovia Duca Serra, na zona oeste, que liga Macapá a Santana. Já no dia 10, uma viatura do Corpo de Bombeiros foi atacada com pedras e teve o vidro frontal quebrado na zona norte.
Base do órgão de repressão foi atacada pelos trabalhadores. Divulgação/Polícia Militar
AP: PM atira no olho de adolescente e nega socorro, denuncia família
O Amapá vive uma onda de protestos contra as irregularidades no fornecimento de energia elétrica, que funciona no sistema de rodizio com intervalos de 6 horas, porém moradores denunciam falhas no sistema e favorecimento na distribuição de energia para bairros ricos. Durante os nove dias de apagão, muitas pessoas perderam alimentos e eletrodomésticos, além de sofrerem com falta de serviços de saúde, estações de tratamento de água e comunicação. Durante o apagão, 15 novas mortes por Covid-19 foram registradas, chegando a um total de 766 mortes no estado.