Na Barreira do Vasco, em São Cristóvão, na zona norte do Rio, moradores esperam em fila para encher baldes de água para uso doméstico. Foto: Luciana Andrade/AND
Desde o dia 15 de novembro moradores das zonas norte e oeste do Rio e de municípios da Baixada Fluminense sofrem com falta de abastecimento de água. Segundo a Companhia Estadual de Águas e esgotos (Cedae), o problema está sendo causado por um defeito em um dos cinco motores da elevatória do Lameirão, em Senador Vasconcelos, na zona oeste. Segundo a Cedae, metade da água diária tratada na Estação do Guandu é bombeada pela elevatória.
Cerca de mais de 1 milhão de consumidores estão sendo afetados com a falta de abastecimento.
Maria, moradora de Realengo, também na zona oeste, relatou ao site G1 que, com a falta de água em sua casa, a louça suja se acumula na pia, fogão e até em cima da máquina de lavar roupa. Já a roupa suja ocupa um canto da área de serviço. Ela mora em uma casa com mais seis pessoas e conta que não recebe água nas torneiras há nove dias.
“Há três dias estamos comendo macarrão, porque não dá para fazer comida sem água. Para tomar banho, a gente usa um pano úmido com água e álcool nas crianças e os adultos usam uma garrafa de água mineral”, contou a moradora.
No loteamento Jardim Maravilha, em Guaratiba, zona oeste, moradores também reclamam que vêm sofrendo com o desabastecimento. A moradora Luiza Romão contou que tem tido gasto com compra de água mineral. “Tanque cheio de roupa porque não existe água, a máquina que eu tinha colocado para bater há três dias, cheia de roupas que já estão fedendo, a geladeira cheia de água mineral, porque não tem água para beber, então tem que comprar”, disse.
A Cedae informou que opera com 75% da capacidade causando rodízios de abastecimento.
Além de sofrer sem previsão de volta da água, as massas ainda se veem tendo gastos com compra de galões de água mineral para beber e cozinhar, o que gera um custo para população, que não paga barato na conta mensal da Cedae.
RJ: Falta de água já afeta cerca de 1 milhão de
— A Nova Democracia (@jornaland) December 2, 2020
consumidores no Rio e na Baixada Fluminense
Em vídeo enviado à redação de moradora da Barreira do Vasco denuncia falta d'água: pic.twitter.com/7gDmnuTm3C
Especialista alerta sobre possível volta da Geosmina por conta dos problemas no lameirão
O professor do Departamento de Engenharia Sanitária e do Meio Ambiente da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Adacto Ottoni, já havia alertado para a necessidade de ampliação de mecanismo de controle, dizendo haver risco de continuação da crise de abastecimento de água no verão. Segundo o engenheiro, não foram feitas mudanças para reduzir a poluição no Guandu, o que causou a contaminação da água fornecida pela companhia em janeiro de 2020.
O professor afirmou que, com a proximidade do verão e do calor, pode ocorrer um nova proliferação das algas geosmina (um composto orgânico produzido por bactéria que altera a cor e o gosto da água), que causaram o problema na lagoa de captação do Guandu no início do ano. Ele relatou que a água do manancial ainda continua poluída. “O problema do esgoto não está resolvido, e o verão está começando", alertou o professor ao site O Globo. Ele defende o desvio de dois rios da região, Queimados e Ipiranga, para o tratamento de suas águas antes da chegada à lagoa.
Moradores dos bairros de Realengo, Praça Seca, Anchieta e Pavuna, nas zonas norte e oeste do Rio, relataram ao site UOL que há 10 dias sofrem com água suja, com cor de barro e mau cheiro nas torneiras de suas casas, causado pela geosmina.