O velho Estado peruano culminou uma megaoperação de captura de membros do grupo revisionista peruano, Movimento pela Anistia e Direitos Fundamentais (Movadef), no dia 2 de dezembro. As prisões, cuja justificativa legal é a de que o Movadef seria uma "frente única" do Partido Comunista do Peru (PCP) e, portanto, uma organização ilegal, são um flagrante caso de ilegalidade. Dessa operação participaram a Divisão Antiterrorismo (Dircote) a Divisão de Investigações de Alta Complexidade (Diviac), Diretoria de Inteligência do Exército Peruano e Terceira Promotoria Criminal Supraprovincial.
Tal megaoperação, batizada de “Olimpo”, tenta colocar Abimael Guzmán Reynoso, o Presidente Gonzalo (chefe do PCP e da Revolução Peruana), como chefe da Linha Oportunista de Direita (LOD) estruturada e ligada ao Movadef. O objetivo estratégico é desmoralizar o chefe comunista para tentar dividir os revolucionários e esmagá-los.
A origem dessa operação da intelligentsia reacionária peruana, segundo o Movimento Popular Peru (MPP), remonta a 2015 e é dirigida pela CIA através do próprio Rubén Vargas Céspedes, ex-ministro do Interior do último governo peruano, sujeito treinado em “combate ao terrorismo" no próprio USA.
De acordo com o MPP (organismo gerado do PCP para o trabalho internacional), tal LOD veio à tona com força após a queda do Comitê Central do PCP e do Presidente Gonzalo, em 1992, num esforço conjunto com a CIA para tentar dividir o PCP acusando o seu chefe de ser autor de fraudulentas "cartas de paz".
Segundo o MPP, tal LOD tenta apresentar a “traição e renegação total promovidas pela LOD, inimiga mortal do maoismo e da guerra popular” como uma questão tática, “tentando desviar o proletariado internacional e os povos do mundo do caminho”; fingindo que o cretinismo parlamentar, o caminho eleitoral, serve para "acumular forças" para um outro momento, o momento de fazer "luta armada ou insurreição".
Em uma declaração intitulada Os dois pecados capitais do Movadef, a Frente de Defesa de Lutas do Povo (FDLP) do Equador traça um histórico da organização, criada em 2009 para, supostamente, exigir a liberdade dos presos políticos no Peru (pró-anistia). De acordo com a publicação, o Movadef não deixou de ser um instrumento da LOD que se dedicou a reciclar capituladores, guerrilheiros arrependidos, treinados pela reação, e com esse contingente fazer todo o possível para dinamitar a liderança do PCP. Os revolucionários do Equador mencionam que o objetivo da LOD é eliminar e enterrar a guerra popular no Peru com a peroração de que essa foi derrotada e, consequentemente, levantar a necessidade de traçar um "novo caminho" para a luta no Peru onde o centro ou eixo dessa luta passa necessariamente pela participação na via eleitoral, constitucionalista e burocrática.
Em 2011, a FDLP afirma que o Movadef tentou inscrever-se como partido político perante o Júri Nacional de Eleições, mas foram rejeitados, fechando a porta a esse caminho, pelo menos circunstancialmente. Ironicamente, mesmo jogando abertamente em função dos planos do Estado reacionário, os revisionistas agrupados no Movadef são alvos de perseguição.
‘O diabo paga mal a seus devotos’
Os revolucionários da FDLP afirmam que a história está cheia de tais "exercícios" democráticos aos que apoiam os "revolucionários" ressentidos e ideologicamente deprimidos.
“Movadef e Fudepp [Frente de Unidade de Defesa do Povo Peruano], os filhos bastardos da capitulação, entregaram-se de corpo e alma ao velho Estado burocrático-latifundiário, tornando-se subservientes à velha democracia, reação e imperialismo. Hoje o velho Estado paga-lhes com a única moeda que o sabe fazer, com repressão, perseguição e prisão. Depois disto virá a nova camarilha que cumprirá a sua tarefa: nomeações para governos setoriais e municipais, assembleias, presidências, etc. Uma crônica que tem um livreto pré-estabelecido”, descrevem os revolucionários.
Os equatorianos dizem ainda que, em todo caso, é importante dizer que, “de forma alguma estaremos do lado da reação e regozijamo-nos com este golpe que lhes estão a infligir; manteremos sempre que o povo deve punir os carrascos do povo; os traidores do povo devem ser castigados pelo povo, e cabe aos comunistas conscientes esmagar o revisionismo, de todas as maneiras”.
Cartaz da FDLP.