Aproximadamente 80 famílias camponesas assentadas no Acampamento Palmares, localizado em Juazeiro, norte da Bahia (BA), correm o risco de serem expulsas das terras onde vivem por policiais e pistoleiros sob ordem do latifúndio.
De acordo com informações divulgadas em redes sociais, o Acampamento se encontra cercado pela Polícia Federal a mando do “proprietário arrematante”. Além de estarem proibidos de sair ou entrar no Acampamento, os camponeses estão há mais de duas semanas sem água e energia.
Segundo denúncias das famílias camponesas, no dia 19 de março, três viaturas da Polícia Militar da Bahia junto com pistoleiros e o latifundiário bloquearam a saída de água. Disparos de arma de fogo também foram realizados nas proximidades do acampamento.
As terras que há mais de 11 anos são cultivadas pelas famílias camponesas eram antes utilizadas para possibilitar o tráfico de substâncias ilícitas para o exterior. A fazenda fazia parte do grupo Mariad Importação e Exportação de Gêneros Alimentícios, a qual o latifundiário Gustavo Duran Bautista, seu ex-proprietário, a usava para traficar cocaína dentro de caixas de uvas que, por sua vez, eram transportadas para outros países.
Em 2007, Duran foi preso, deixando as terras da fazenda abandonadas. No ano de 2009, as famílias camponesas ocuparam a área e desde então moram e garantem seu sustento diretamente da produção. Além da criação de caprino, ovino, avicultura e bovino, os camponeses cultivam uva, macaxeira e feijão.
Ignorando a presença dos camponeses, em 2014, a fazenda foi a leilão. Seis anos depois, após o então “arrematante da propriedade” se mostrar interessado em vender a área. Como sempre, em conluio com o latifúndio, foi acordado um prazo de seis meses para que o velho Estado pudesse resolver a situação da contratação do crédito para a aquisição da área por parte das famílias.
Após o estado não ter cumprido com a sua parte e com o fim do prazo no dia 23 de março, o “proprietário arrematante” requereu o cumprimento da liminar despachada pelo juiz da 5ª região em Juazeiro, onde este determinou o despejo em favor do latifúndio em meio ao pior momento da pandemia do novo coronavírus.
Policiais e pistoleiros tentam realizar despejo em acampamento na Bahia. Foto: MST