Enfrentamentos entre a polícia e manifestantes na Colômbia. Foto: AP
Os protestos contra a reforma tributária antipovo que tiveram início no dia 28 de abril apenas se intensificaram com o passar dos dias. Diante da militarização das cidades epicentros das manifestações, Bogotá e Cali, e da repressão desenfreada em outras, mais de 20 manifestantes foram mortos pelas forças do velho Estado, um policial foi morto nos enfrentamentos, mais de 80 pessoas estão desaparecidas e milhares se encontram feridas.
Diante dos grandiosos protestos, o presidente Iván Duque recuou e retirou a proposta da contrarreforma. Entretanto isso não freou a luta das massas que exigiam, além da pauta inicial, todos os demais direitos pisoteados pelo velho regime, como comida e emprego.
Em Cali, um dia antes dos protestos do 1° de maio, o velho Estado anunciou a chegada de mais de 700 soldados, 500 homens da força anti-motim (Esmad), 1.800 policiais e dois helicópteros para apoiar a força municipal.
Apesar das manifestações do dia 1 terem sido fortemente reprimidas, foi o dia 03/04 que ficou conhecido como o mais violento em termos de repressão.
"Basicamente isto é uma caça", disse Luna Giraldo Gallego, uma estudante universitária da cidade de Manizales, que tem documentado a repressão policial contra seus colegas estudantes. "Tenho saído todos os dias para protestar desde 28 de abril, mas nada tem sido como ontem à noite", referindo-se ao dia 3.
Nessa noite, foi assassinado com um fuzil pelas forças de repressão Kevin Antoni Agudelo, 22 anos, um estudante universitário. O jovem participava de um evento em homenagem a outros jovens assassinados nos protestos.
Moradores da Comuna 20 de Cali, o primeiro e maior bairro informal da terceira maior cidade da Colômbia, também organizaram uma vigília no dia 3 de maio, em homenagem aos manifestantes mortos após cinco dias de protestos combativos.
"Por volta das 20h30min começamos a ouvir a chegada do Esmad (Esquadrão Móvel Anti-Motim)... depois chegou um helicóptero com o hino nacional tocando e uma luz refletiva emitida como se estivesse procurando pessoas", conta Reyes, um morador.
Então, sem qualquer motivo, Reyes afirma ter visto "policiais e militares encapuzados disparando armas semi-automáticas e espingardas".
Nesse dia, foram registrados na comunidade vários mortos e desaparecidos. Agora eles realizarão uma nova vigília em sua honra.
Só em Siloé (como a comunidade também é chamada) no dia 03, por exemplo, o gabinete do prefeito de Cali contou cinco mortos.
Em resposta a essa violência arbitrária e brutal, várias imagens mostram as massas atacando delegacias de polícia, inclusive com policiais uniformizados dentro das instalações.