Um manifestante segura a bandeira do Líbano durante confrontos com o exército e as forças de repressão perto da sede do parlamento no centro de Beirute em 4 de agosto. Foto: Patrick Baz
Manifestantes rebelados enfrentaram a polícia libanesa no dia 4 de agosto, aniversário de um ano da grande explosão no porto de Beirute, exigindo responsabilização contra o governo pelo ocorrido que matou 214 pessoas. Os protestos ocorreram a uma curta distância do evento principal organizado pelo velho Estado.
Os enfrentamentos próximos do parlamento, no centro de Beirute, eclodiram entre a tropa de choque e manifestantes que tentaram invadir o prédio principal. A polícia de choque respondeu disparando gás lacrimogêneo e canhões de água e espancando os manifestantes com cassetetes.
Em um comunicado na tarde do dia 04/08, o exército libanês disse que prendera várias pessoas que estavam a caminho para participar das comemorações do aniversário, dizendo que tinham “um grande número de armas e munições em sua posse”. Tais alegações serviram para criminalizar os protestos e na tentativa de desmobilizar as massas.
A Cruz Vermelha relatou que transportou seis manifestantes para o hospital e tratou dezenas de outros no local, isso devido à repressão policial.
A rebelião das massas acontece diante da negligência do governo antes e após o caso. Foi divulgado logo depois da explosão que os nitratos altamente combustíveis que causaram a explosão estavam armazenados ao acaso em um armazém do porto ao lado de outro material inflamável desde 2014, e que vários funcionários de alto escalão do velho Estado ao longo dos anos sabiam de sua presença e não fizeram nada. Ninguém foi responsabilizado pelas mais de 200 mortes e milhares de pessoas feridas.
Foi uma das maiores explosões não nucleares da história - o resultado da ignição de centenas de toneladas de nitrato de amônio após o início de um incêndio.
O triste aniversário ocorre em meio a um colapso econômico e político sem precedentes, o que manteve o país sem um governo em pleno funcionamento por um ano inteiro.
'Tudo o que podemos fazer é protestar'
Um ano depois, não houve nenhuma responsabilização pela explosão e a investigação ainda não respondeu a perguntas como quem ordenou o envio dos produtos químicos para o local e por que os funcionários do velho Estado ignoraram os repetidos avisos internos sobre seu perigo.
Tatiana Hasrouty, filha de uma das vítimas, disse à Al Jazeera que acredita que “os políticos e todos os responsáveis temem o povo. Se os pressionarmos, podemos obter justiça… Eles têm medo de que, se retirarem a imunidade, serão responsabilizados. Tudo o que podemos fazer é protestar, deixá-los temer mais de nós.”