Familiares durante o velório do frentista Bruno Vidal, assassinado durante uma operação da PM em Tomás Coelho. Foto: Fabiano Rocha
Dois trabalhadores morreram no dia 1º de outubro após serem baleados durante operações de guerra da Polícia Militar (PM) no morro do Urubu, no bairro de Tomás Coelho, no Rio de Janeiro, e no morro do Salgueiro, em São Gonçalo, na região metropolitana.
Bruno Leonardo Vidal, de 39 anos, foi baleado em frente ao prédio onde morava, no Condomínio dos Correios, no bairro de Tomás Coelho, quando saía para trabalhar, por volta de 6h da manhã. Bruno trabalhava como frentista em um posto de gasolina no bairro do Caju. O trabalhador deixa mulher, dois filhos e uma enteada.
Um vídeo que circula em redes sociais mostra Bruno tentando se esconder dos tiros ao mesmo tempo que PMs se deslocam pela região. Os militares faziam uma operação no morro do Urubu.
Um dos irmãos de Bruno, Anderson Bonucci, disse em entrevista ao veículo G1, do monopólio de imprensa, que a operação aconteceu num local em que moram muitas pessoas e justamente no horário em que a maioria delas saem para trabalhar: “A operação foi no Morro do Urubu, ali [onde Bruno foi baleado] era um conjunto habitacional. Tanto na comunidade, quanto no conjunto habitacional, há diversos trabalhadores que saem esse horário para trabalhar. Se tivesse mais trabalhadores, seria uma nova chacina?”, disse o irmão da vítima, de forma revoltada.
A mulher de Bruno, que não quis se identificar por medo de represálias por parte dos PMs, disse que ao encontrar o marido morto ainda ouviu os policiais debocharem do desespero dela: "Nisso que eu saí, o meu marido estava caído no chão. E eu perguntei: ‘Ele tá com vida ainda? E aí um dos 'polícia': ‘Vida? Hahaha’, debochando, rindo, achando que meu marido era um bandido. E quando eu abri o carro, a bolsa dele de trabalho, que tava, no caso, a roupa dele, pra poder ir trabalhar, a bota, a roupa tava jogada, a bolsa aberta, toda revirada”, contou a mulher.
Um outro parente de Bruno disse que achou estranho ao saber que um PM foi atrás das câmeras de segurança do local, logo após Bruno ser baleado.
“O que causa estranheza é de que o policial militar se prontificou, antes mesmo da Delegacia de Homicídios (DH), a ir lá no condomínio e pedir e ter acesso às imagens”, disse o familiar.
Operações causam mortes de moradores nas favelas
Assim como Bruno, uma outra vítima das sangrentas operações de guerra da PM e da Polícia Civil do Rio de Janeiro também morreu no dia 01/10 após ficar três dias internado. Trata-se de José Carlos da Silva Corrêa, trabalhador aposentado, de 63 anos.
Ele foi baleado na cabeça ao sair de uma farmácia durante uma operação na qual participaram agentes do 72ª Departamento de Polícia Civil (DP) de São Gonçalo, da 73ª DP de Neves, e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), ocorrida no dia 28 de setembro, no morro do Salgueiro, em Niterói. Ainda durante a operação um outro homem foi atingido. Trata-se de Renato Peixoto Lage, de 53 anos. Renato foi atingido por um tiro que passou de raspão no seu pescoço. No momento em que foi atingido, ele vendia bijuterias em uma banca na qual trabalha. Renato foi internado, porém recebeu alta.
José Carlos da Silva Corrêa, idoso atingido por um tio na cabeça durante uma operação da Polícia Civil no morro do Salgueiro, em São Gonçalo. Foto: Reprodução.