No dia 17 de fevereiro, a camponesa Ilma Rodrigues dos Santos, 45 anos, e seu marido Edson Lima Rodrigues, 43, foram assassinados com tiros na cabeça. Ambos viviam na Área Camponesa Tiago Campin dos Santos, localizada no distrito de Nova Mutum Paraná, Porto Velho, em Rondônia.
Os corpos dos trabalhadores foram encontrados ao lado do veículo do casal, uma caminhonete que estava em chamas, na 8° Linha do Ribeirão, entre o distrito de Abunã e Nova Mutum Paraná.
Camponeses Ilma Rodrigues dos Santos e Edson Lima Rodrigues, moradores da Área Tiago dos Santos são assassinados. Foto: Reprodução
A Área Tiago Campin dos Santos
A Área Tiago Campin dos Santos, onde viviam os camponeses, assim como a Área Ademar Ferreira e Dois Amigos, são organizadas pela Liga dos Camponeses Pobres (LCP). Elas foram palco de uma grandiosa resistência ocorrida no meio de outubro de 2021, quando cerca de 800 famílias retornaram às suas terras, após uma incursão policial de mais de 3 mil militares.
A conhecida operação de guerra, encoberta com uma medida judicial que visava despejar as famílias, foi organizada por forças de repressão do velho Estado, foi responsável por assassinatos, ilegalidades e os mais diversos crimes. A ação das tropas ocorreu sob o comando do reacionário governo militar de Bolsonaro e generais e o governo estadual do também fascista Marcos Rocha, em benefício do latifúndio representado por Antonio Martins (o “Galo Velho”), denunciado como grileiro por camponeses.
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Apenas no ano de 2021, cinco camponeses foram executados covardemente por tropas militares durante Operações: Amarildo Aparecido Rodrigues (49), seu filho Amaral José Stoco Rodrigues (17) e Kevin Fernando Holanda de Souza (21); Gedeon José Duque e Rafael Gasparini Tedesco (20).
Os camponeses Tiago Campin dos Santos (23) e Ademar Ferreira (24), homenageados com a nomeação das áreas camponesas, também foram assassinados por policiais em 2018 na mesma região.
Criminalização da luta pela terra
O assassinato do casal camponês ocorre em meio a uma escalada da campanha de criminalização dos movimentos sociais, em especial contra a LCP.
Neste último mês vários veículos da imprensa lixo realizaram uma intensa propaganda sobre o desmatamento e a grilagem na região amazônica. Neste contexto, foi feito o anúncio de um novo contingente militar que, através da Funai, atuará na região da Amazônia. O chamado Programa de Operações Especiais de Proteção Etnoambiental e Territorial (Proepet), conta com a participação de militares da Marinha do Brasil e do Exército Brasileiro e intensificará a militarização de toda a região como condição de combater a luta pela terra e defender o latifúndio ladrão de terras públicas.
Estas informações foram divulgadas permeadas por acusações diretas ou indiretas contra o movimento camponês sem sequer citar os milhares de hectares nas mãos do latifúndio. A imprensa lixo tenta assim criar opinião pública favorável aos planos do governo militar de Bolsonaro/generais de perseguir, prender e assassinar camponeses em luta pela terra. Ainda em situação desfavorável milhares de famílias lutam incansavelmente pelo direito à terra.
Guerra reacionária declarada
Conforme aponta o Editorial semanal de AND “A guerra reacionária já instalada”, publicado em 15/02, “no campo e de forma mais encoberta, especialmente onde os camponeses lutam pelo sagrado direito à terra sob a bandeira vermelha da Revolução Agrária, as leis da guerra reacionária também operam através das tropas militares, que têm à cabeça a direção política das Forças Armadas reacionárias”.