Moradores fecham rodovia contra operação de despejo da prefeitura de Belo Horizonte. Foto: Edésio Ferreira
No dia 22 de fevereiro, trabalhadores fecharam com barricadas de pneus incendiados os dois sentidos da via expressa conhecida como Anel Rodoviário, localizada na saída de Belo Horizonte para o Rio de Janeiro e Vitória. Os manifestantes são moradores do bairro Vila Santa Maria e lutam contra despejos promovidos pelo prefeito da capital de Minas Gerais, Alexandre Kalil (PSD).
O protesto começou por volta das 5h da manhã, na altura do quilômetro 4, próximo ao Bairro Betânia. O ato contou com a participação de cerca de 50 moradores, dos quais estavam presentes famílias inteiras, inclusive crianças e idosos. Os moradores lutam contra o despejo de 120 famílias que moram há mais de dez anos em uma ocupação localizada no bairro, que fica na região oeste de Belo Horizonte.
Protesto por moradia fecha Anel Rodoviário, em BHhttps://t.co/ZGexVXZSeI pic.twitter.com/XiCoiI9fJh
— Estado de Minas (@em_com) February 22, 2022
Durante o ato, os moradores denunciaram que fiscais da prefeitura e guardas municipais foram até os locais e notificaram os moradores sobre o despejo e deram o prazo de até o dia 23/02 para que os moradores deixassem suas moradias e pertences conquistados ao longo de anos. Os serviçais da prefeitura também apreenderam materiais de construção dos moradores. Contudo, os moradores afirmam que os fiscais não apresentaram nenhuma ordem judicial para o despejo, ressaltando que operações como essa foram suspensas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) durante o período da pandemia.
"Éramos 120 famílias. A prefeitura desapropriou cerca de 80 de maneira não oficial. Muitas viviam aqui há muitos anos. Outras, vieram para cá durante a pandemia, pois perderam a renda. A prefeitura, de qualquer forma, quer nos tirar daqui sem nenhum amparo – nem bolsa aluguel, nem casa, nem nada. Eles apenas mandam a fiscalização e a Guarda Municipal e dizem que temos que sair", contou o morador Samuel Pereira da Costa, de 50 anos.
A falta de moradia digna é a realidade de 56 mil famílias da cidade de Belo Horizonte. Porém a prefeitura estima que outros 10 mil habitantes estão morando em ocupações mais recentes e não inseridas na contabilização.
Moradores exigem moradia durante ato em Belo Horizonte. Foto: Ailton do Vale