Caminhoneiras e entregadores por aplicativos fecham rodovia na Bahia em protesto contra sucessivos aumentos nos preços dos combustíveis. Foto: Reprodução
A Petrobrás anunciou, no dia 10 de março, o aumento nos preços dos combustíveis e do gás de cozinha ou gás liquefeito de petróleo (GLP) para as refinarias a partir do dia 11/03. Com isso, a gasolina passará de R$ 3,25 para R$ 3,86 por litro e o diesel vai de R$ 3,61 para R$ 4,51 por litro, aumentos de 18,8% e de 24,9%, respectivamente. Já o GLP teve um aumento de 16,1%, e passará de R$ 3,86 para R$ 4,48 por kg, equivalente a R$ 58,21 por 13kg (botijão).
O aumento acontece depois de apenas dois meses de preços congelados nas refinarias. Ainda não se sabe os valores que serão cobrados nos postos de combustíveis e pelas distribuidoras. Neste caso, depende dos revendedores e distribuidores que tratarão de assegurar os seus lucros. Porém é certo que os preços vão aumentar para o consumidor, que no final é quem paga a conta de toda crise.
O cenário é grave e provoca temor nas classes dominantes e no governo, uma vez que tem ocorrido protestos quase diários contra os sucessivos aumentos nos preços de combustíveis em nosso País. De acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço médio da gasolina ficou em R$ 6,577 e o do diesel em R$ 5,603 na primeira semana do mês de março. Já o botijão de 13kg do GLP está custando atualmente em média R$ 102,64.
Quem se beneficia?
A Petrobrás adota desde 2016 uma política de Preço de Paridade de Importação (PPI) que se pauta pela cotação internacional do barril de petróleo que, por sua vez, é comercializado em dólar. Por exemplo, o barril de petróleo no mercado internacional ultrapassou a marca de 130 dólares (R$ 656, na cotação de 10/03) nos últimos dias, com o conflito entre a Rússia e a Ucrânia.
Toda essa política serve para favorecer os acionistas da empresa e garantir os lucros destes: quando o preço internacional sobe, os acionistas aumentam seus lucros, uma vez que suas ações passam a valer mais. Em contrapartida, esse sistema de preços faz com que o consumidor interno pague um preço cada vez mais alto pelos combustíveis.
Caminhoneiros e entregadores protestam na Bahia
Caminhoneiros e entregadores por aplicativos fizeram um protesto, no dia 8 de março, contra o aumento no preço dos combustíveis no estado da Bahia. Eles fecharam com pneus incendiados o acesso ao anel rodoviário de contorno, em Feira de Santana, cidade a 100 quilômetros de Salvador, capital da Bahia.
Os trabalhadores protestam contra os sucessivos aumentos dos combustíveis no estado: já foram cinco ao longo do ano, com três somente no mês de janeiro. O preço do óleo diesel teve um aumento de 23,4% na Bahia. Em Feira de Santana, o litro do diesel custa em média R$ 6,99. Já em Salvador o combustível chega a R$ 7,29 o litro.
Os aumentos sucessivos acontecem após a privatização da refinaria Landulpho Alves, em novembro de 2021. A empresa privada Acelen que administra a refinaria renomeada como Refinaria Mataripe, resolveu reajustar os valores dos combustíveis para aumentar seus lucros. A Acelen pertence ao grupo monopolista Mubadala Capital, dos Emirados Árabes Unidos.
A alta dos combustíveis tem impacto significativo no orçamento dos caminhoneiros e outros profissionais que trabalham na área do transporte. Porém, esses sucessivos aumentos impactam também outras diversas áreas, pois essas dependem da logística rodoviária para serem abastecidas, aumentando assim a inflação nos preços de outros produtos e serviços como alimentos, roupas, energia elétrica, etc.