O ultrarreacionário Jair Bolsonaro, em pânico, realiza suas articulações para evitar nova CPI no Senado, agora para investigar o notório esquema que se operava no ministério da Educação – onde um cartel de líderes religiosos cobravam propina para liberar verbas aos municípios, a que tudo indica sob o comando do agora ex-ministro Milton Ribeiro, homem de total confiança de Bolsonaro. Mais do que mera corrupção, aqui estava também algo de fundo: a corporativização, quando os recursos eram destinados através dos representantes mais altos do obscurantismo, os cultuadores dos “tempos áureos” da Inquisição, com superfaturamentos; enfim, transferência do dinheiro público aos interesses corporativos de seitas e de seus corifeus.
Obviamente a CPI é uma manobra eleitoreira cínica, pois que todos os ilustres senadores realizam esquemas de igual cepa moral, além do que está longe de ser esses procedimentos burocráticos que darão fim a toda sorte de falcatrua. Mas, por isso mesmo, é um sério risco ao atual mandatário, para quem essa exposição, em ano eleitoral, equivale a dificultar ainda mais sua empreitada de reeleger-se.
Para abafá-la, Bolsonaro, o Fraco mobilizou seu ministro-chefe da Casa Civil Ciro Nogueira (vejamos que ironia, o especialista em falcatruas!) para conseguir debelar a iniciativa. Pela folha corrida de todos os envolvidos, sabe-se que o convencimento é feito com os “argumentos” de praxe do meio, o da chantagem e o tão dito “toma lá, dá cá”. Fato é que a iniciativa já perdeu força pela intervenção de Ciro.
A Bolsonaro fica cada vez mais difícil sustentar sua retórica por si fraca e, agora, cada vez mais vazia, de que se trata de um governo com tantos anos e meses sem corrupção, quando abundam denúncias, desde os primeiros meses, durante a sua ação genocida na pandemia de Covid-19 com absurdos superfaturamentos, desvios para compra de medicamento sem eficácia para enriquecer determinados monopólios e tantos outros, e cujo preço de seu escárnio foi pago com sangue pelas massas populares, com o morticínio de 650 mil de brasileiros e brasileiras. Ele, fraco e tido como covarde cada vez mais por sua própria base fascista nas Forças Armadas reacionárias e demais forças policiais auxiliares, continua a fenecer, mas ainda não morreu.
Enquanto isso, Luiz Inácio, que agora oficializou a santa aliança dos liberais reacionários com o oportunismo ao confirmar Alckmin como vice, continua a “ampliar” sua frente eleitoreira, com base em negociatas para ganhar a confiança do establishment, a maioria das classes dominantes, e com mentiras sem pudor para apresentar-se como “popular” para as massas trabalhadoras que busca manter no engano.
O petista uma hora diz que o ajuste fiscal deve ser visto criticamente porque “a corda arrebenta para o lado do povo”, enquanto seduz com acordos para altos cargos em seu governo todos aqueles setores que estão de acordo com o ajuste fiscal; diz que retirará os generais de seu governo, para logo dizer que quer conversar com eles após ser eleito. Como demagogo, oportunista e manipulador de massas empobrecidas, em seu contorcionismo sequer ruboriza em dissimular suas verdadeiras posições. Assim, nestes acordos, ele põe em penhor uma vez mais sua própria sobrevivência política, porém agora os riscos e consequências são bastante sérios.
Se for eleito, o preço que vai pagar por isto será muito caro, pois que, uma vez empossado, enfrentará a pior crise de decomposição do capitalismo burocrático – cenário muito diferente de seus primeiros governos – e o grau elevadíssimo de explosividade das massas, que, de embates cotidianos e revoltas como as de 2013/14 e as mais recentes lutas dos camponeses pela terra, estão elevando seu nível de organização consciente, bem como elevando suas formas de luta. Será um governo fraco, se ancorará crescentemente na compra, cada vez nais cara, de apoio no parlamento e em ceder espaço para os generais golpistas, e quando for inapto para a tarefa de conter a Revolução será finalmente devorado e logo cuspido de todos os lados. Esse é o perigoso balcão de negócios que se transformou a luta eleitoreira no seio das classes dominantes, cuja sua velha democracia apodrecida e mórbida, em verdade, morta, mas insepulta, ameaça levar consigo todos os que tentarem salvá-la.
Em meio ao agravamento da crise nacional, o perigoso balcão de negócios já lançou por terra a máscara de Bolsonaro e fará pó o contorcionismo de Lula.
Ouça já o Editorial semanal de 12 de abril de 2022: