Residência do Primeiro Ministro Mahinda Rajapaksa é incendiada pelas massas. Foto: Reprodução.
Nos dias 9 e 10 de maio, casas e veículos de membros do governo foram destruídos durante protestos no Sri Lanka. As massas em rebelião também destruíram escritórios de partidos políticos reacionários e realizaram bloqueios em estradas em rechaço à crise econômica e política do país.
O Sri Lanka está passando pela maior crise econômica do país desde 1948. Como já noticiado em nosso portal, a crise no país asiático tem afetado diversos setores da economia e instituições políticas do velho Estado. No dia 09/05, o Primeiro Ministro do país, Mahinda Rajapaksa (irmão do presidente) renunciou ao cargo como tentativa de iludir as massas com falsas resoluções. Após a renúncia, Rajapaska fugiu de sua casa em uma operação conduzida pelo exército e se encontra, até agora, abrigado em uma base da marinha.
Aumentam o número de ações combativas pelo país.
Ônibus usados por delinquentes é empurrado para dentro de um lago. Foto: AP Photo.
Combatendo a repressão, as massas continuam a bloquear diversas rodovias do país contra a falta de comida, medicamentos e gás. “Nós estamos em protesto desde ontem a noite. Sem gás em casa, ninguém recebe comida desde ontem [...]. Nós bloqueamos as rodovias ontem e hoje eles prometeram suprimentos, mas não é o suficiente, então estamos bloqueando as ruas”, afirmou um manifestante ao portal Redfish.
No dia 09/05, em Colombo, capital do país, trabalhadores da construção destruíram com uma retroescavadeira um dos ônibus utilizados por provocadores pagos pelo governo para reprimir a manifestação. No mesmo dia, após a renúncia e fuga do Primeiro Ministro Mahinda Rajapaksa, as massas invadiram e incendiaram sua mansão em Hambantota, sul do país.
Mais de dez casas e veículos de outros membros do governo foram incendiados desde o dia 09/05. Entre eles foram alvos da revolta das massas as residências do Ministro da Educação e Indústria de Plantações Ramesh Pathirana, do deputado e ex-Ministro das Estradas Johnston Fernando, em Monte Lavinia (uma região nobre de Colombo), do prefeito de Moratuwa, Saman Lal Fernando, e dos deputados Mahipala Herath, Thissa Kuttiarachchi, Nimal Lanz e Sanath Nishantha.
Os manifestantes acusaram os deputados Sanath Nishantha e Johnston Fernando de organizar o ataque feito aos manifestantes em Colombo. No dia 10/05, as massas incendiaram um hotel que, segundo manifestantes, pertencia a um parente dos Rajapaska.
Além das residências, as massas também incendiaram escritórios de políticos e partidos eleitoreiros, como foi o caso de Johnston Fernando, do partido Sri Lanka Podujana Peramuna (SLPP; partido do presidente) que teve seu escritório completamente destruído.
Velho Estado aumenta repressão
Massas combatem militares. Foto: AP Photo.
No dia 10/05, um dia após a renúncia do Primeiro Ministro, o governo do presidente reacionário Gotabaya Rajapaksa aprovou um novo toque de recolher e deu permissão à polícia e militares do país usarem armas de fogo contra os manifestantes e executarem prisões sem mandado. Essa medida foi aprovada após a polícia ter assassinado um ativista no dia 19/04.
Nos últimos dias, diversos combates têm ocorrido entre manifestantes e delinquentes pagos pelo governo para provocar e reprimir os manifestantes, dentre eles deputados lacaios ao governo. No dia 09/05, delinquentes armados com barra de ferro foram levados até as manifestações de ônibus (muitos deles de fora da cidade) e agrediram diversos manifestantes em Colombo, na tentativa de frear os protestos.
No mesmo dia, o deputado Amarakeerthi Athukorala, partidário de Rajapaksa, matou um manifestante ao atirar de dentro de um carro contra um protesto na cidade de Nittambuwa. Mais tarde o covarde cometeu suicídio.
Oito pessoas morreram e mais de 200 foram hospitalizadas como resultado dos confrontos entre manifestantes e provocadores, com a esmagadora maioria dos mortos e feridos sendo do povo.
Massas não recuam diante da repressão
A explosividade demonstrada pelas massas do Sri Lanka indicam não somente um salto na luta popular espontânea, mas também indica um agravamento da contradição entre as massas em luta e o velho Estado, que lançará cada vez mais mão da violência reacionária.
Segundo as forças de repressão do velho Estado srilankês, as ações “não se tratam mais de raiva espontânea, é violência organizada”, afirmou um oficial de segurança, em condição de anonimato, à AFP.
Ao povo do país asiático, caberá aprofundar sua organização para persistir na defesa dos seus direitos.