Eduardo Gallotti em 2016. Foto: Reprodução
“Acho que [o samba é eterno] se o Rio e o Brasil resistirem a esse desmonte cultural. O samba vai permanecer na mão dos apaixonados. Nenhum outro gênero musical tem essa melodia, essa riqueza musical.”
Gallotti, em entrevista para a agenda cultural Bafafá
O sambista Eduardo Gallotti, conhecido por seu papel ativo na criação de várias rodas tradicionais de samba no Rio de Janeiro e em Niterói, morreu no dia 12 de maio de 2022, com complicações de um câncer em suas cordas vocais. Gallotti foi uma figura importante na pesquisa, preservação e impulsionamento da cultura popular no Rio de Janeiro nos anos 90-2000.
Pot-pourri de temas de Noel Rosa, faixa do álbum "O Samba das Rodas" (2002).
Músico profissional desde os 20 anos, o sambista de Botafogo ganhou o apelido de “kit samba” nos anos 80, por carregar instrumentos de percussão consigo, para “armar uma batucada” em qualquer lugar que fosse.
Já tendo experiência com pesquisa musical e em rodas de samba, a partir dos anos 90 atuou na fundação de várias rodas tradicionais por toda a capital, como a Sobrenatural (em Santa Teresa), a Severina (em Laranjeiras), a do bar Emporium (na Lapa) e no Candongueiro (em Niterói). Foi especialmente relevante para a revitalização da vida cultural da Lapa, onde os bailes no histórico Clube dos Democráticos com a Orquestra Republicana e os Anjos da Lua foram marcos.
Após a descoberta do tumor em suas cordas vocais, teve de fazer uma traqueostomia e perdeu sua voz. Ainda assim, manteve-se ativo o quanto pôde, a exemplo de sua apresentação na reabertura do Trapiche Gamboa, em 2021, comandando a Roda do Gallotti com seu cavaquinho. O gurufim realizado em seu enterro celebrou sua paixão pelo samba de roda, que, à moda de seu "kit", levou consigo em seus momentos de maior dificuldade.