Moradores e familiares exigem liberdade imediata para Diogo, trabalhador preso injustamente. Foto: Reprodução
Em São Leopoldo (Rio Grande do Sul), no dia 19 de maio, moradores e familiares do Bairro Rio Branco realizaram uma manifestação em frente à 4ª Vara de Justiça de São Leopoldo exigindo a liberdade para Diogo Rodrigues de Oliveira, operário preto da construção civil desempregado. Ele foi preso pela Polícia no dia 14/05 em sua casa mesmo sem ter nenhuma prova de crime. A mobilização é a segunda realizada pelos moradores em apoio a Diogo.
A mobilização se iniciou por volta do início da tarde com os moradores fixando faixas em frente à Vara de Justiça, sob as palavras de ordem como “Pega a visão! Diogo livre, corrige a confusão!” e gritos de “Justiça!”. A mobilização dos moradores se deu através do Movimento “Diogo Livre”, organizado pelos próprios moradores e familiares do Bairro Rio Branco.
Durante toda a tarde em que ocorreu a manifestação, os manifestantes encontraram apoio da população de São Leopoldo que passava muitas vezes buzinando ou se juntando à mobilização. Rodrigo Lima, amigo de Diogo por mais de 20 anos é uma das lideranças do movimento. Ele foi entrevistado pelo AND e denunciou que o Estado estava descumprindo os direitos mais básicos de Diogo, como o direito de responder em liberdade.
Segundo Rodrigo, todo o processo de prisão de Diogo demonstrou a injustiça do velho Estado para com o povo trabalhador. Não houve escolta para Diogo, impossibilitando mesmo uma audiência de custódia. Também denunciou que os próprios familiares tiveram que custear os alimentos e outros direitos básicos de Diogo.
Os moradores e familiares afirmaram disposição de prosseguir na luta por justiça, realizando atos em frente à Câmara dos Vereadores até que Diogo seja solto.
RS: Moradores de São Leopoldo exigem liberdade a Diogo, trabalhador preso injustamente
— A Nova Democracia (@jornaland) May 20, 2022
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Preso sem provas
Diogo foi preso no dia 14 de maio durante uma operação onde a polícia procurava um traficante responsável pelo refino de drogas. Sem nenhuma prova, a prisão de Diogo se deu como forma de associá-lo ao crime de tráfico de drogas. Para Rodrigo, uma vez que a polícia não achou quem estava procurando, “levaram outro, como se já que não tem um, vai outro”.
Diogo estava para sair de casa durante a noite do dia 14/05 quando foi abordado por homens armados e à paisana do Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (DENARC), em frente ao seu filho de 9 anos. Durante três horas os policiais deixaram Diogo preso em sua própria residência, sob alegações de estarem realizando investigação policial.
Conforme relatos de sua esposa para o monopólio de imprensa local Vale dos Sinos (VS), Franciele, “ignorante no assunto”, o marido teria mandado uma mensagem para o morador de cima para avisar que a polícia queria falar com ele, “foi quando os agentes informaram que ele seria preso por se meter na investigação”.
No pavimento superior, que não tinha acesso qualquer acesso pela residência de Diogo, que morava embaixo, a polícia encontrou drogas e um documento pertencente a um traficante que já havia fugido do local.
Sua advogada, Márcia Almeida, afirmou que Diogo “não tem nada a ver com quem mora no pavimento superior. Diogo mora no local com a família pelo aluguel social, pois antes morava em local próximo do Arroio [região de São Leopoldo]. Não há, inclusive acesso do primeiro ao segundo pavimento”, conforme informou ao monopólio de imprensa local Berlinda News.
Prossegue Márcia: “Nesse momento é o pedido em 1º grau e é esse parecer que sai amanhã (19) para ter a manifestação da juíza da 4ª crime. Caso ela negue, aí ingressarei com o habeas corpus que é um recurso ao Tribunal de Justiça, 2ª instância.”
Diogo Rodrigues: trabalhador e pai de família
Diogo Rodrigues de Oliveira, preto de 36 anos, conhecido como Mixunga por familiares e amigos, é um operário da construção civil desempregado, hoje vivendo como auxiliar de serviços gerais e mesmo como membro de um grupo de pagode com Rodrigo, de onde tira uma renda extra.
Casado com Franciele Cristina da Costa, com a qual tem um filho de 9 anos, Diogo vive no Bairro Rio Branco por aluguel social após ser retirado de sua antiga moradia próximo ao Arroio Kruse, por ser considerado zona de risco pela prefeitura.
Franciele, esposa de Diogo, esteve na manifestação e exigiu justiça. Foto: Star Comunicação
Franciele, grávida de 9 meses de Diogo e prestes a ganhar o filho, aguarda que o habeas corpus seja aceito para que Diogo possa responder em liberdade. “Como vão deixar uma pessoa presa se ela não deve nada?”, questiona Franciele ao monopólio de imprensa local Vale dos Sinos (VS).
Familiares e amigos aguardam uma posição do Ministério Público, que deve se manifestar até o dia 20 de maio.