Produção e casas das famílias camponesas residentes no Acampamento Valdiro Chagas, em Machadinho do Oeste. Foto: Banco de Dados AND
Atualização (04/08, 12h08): Em decisão liminar de Ação Reclamatória feita por advogado da Associação Brasileira de Advogados do Povo - Gabriel Pimenta (ABRAPO), o Ministro Alexandre de Moraes mandou suspender Reintegração de Posse que aconteceria contra as 100 famílias posseiras do Acampamento Valdiro Chagas, na região de Machadinho D'Oeste em Rondônia. Despejos e remoções coletivas durante a pandemia estão suspensos por força da ADPF 828/DF.
Passado um ano da criminosa ação de despejo ao Acampamento Valdiro Chagas, ocorrida em junho do ano passado, um novo ataque é anunciado. O juízo da Vara Cível da Comarca de Machadinho/RO determinou o cumprimento de Reintegração de Posse contra as 100 famílias que vivem no Acampamento Valdiro Chagas, uma ocupação que existe há mais de 6 anos.
As famílias do Acampamento Valdiro Chagas não tem nenhuma alternativa habitacional e não tem para onde irem. São famílias trabalhadores rurais que vivem em situação de vulnerabilidade social, à espera do acesso democrático à terra. O despejo pode acontecer a qualquer momento.
HISTÓRICO DE LUTA DO ACAMPAMENTO VALDIRO CHAGAS
Em 2021, por meio de decisão tomada pela juíza Luciane Sanches, favorável a latifundiários que alegam serem donos da antiga Fazenda Jatobá, foi determinada a expulsão dos trabalhadores do Acampamento, entre estes, mulheres, idosos e crianças. A ação criminosa foi parte da Operação “Paz no Campo”, já inúmeras vezes denunciada pelos camponeses por expulsar trabalhadores de terras comprovadamente griladas pelo latifúndio.
Na época aproximadamente 60 policiais civis e militares participaram da operação. Em meio ao despejo, as casas do Acampamento foram derrubadas. Os camponeses foram levados à delegacia e “qualificados”, mesmo não havendo embate entre as famílias e os policiais. Foram tiradas fotos dos camponeses, de seus documentos e dos registros profissionais da advogada que os acompanhava.
O nome do Acampamento é uma homenagem à liderança camponesa Valdiro Chagas de Moura, covardemente assassinado junto com o Coordenador da LCP Enilson Ribeiro dos Santos em Jaru, no ano de 2016. Valdiro e Enilson lideravam o Acampamento Paulo Justino, no município de Alto Paraíso.
Policiais fortemente armados invadem o Acampamento Valdiro Chagas em 2021. Foto: Banco de Dados AND