Foto: Mohamad Torokman/Reuters
Iniciados no dia 12 de novembro, os ataques aéreos do Estado colonialista de Israel já mataram pelo menos 34 palestinos e deixaram feridos mais de 100 na Faixa de Gaza, em uma das ondas de agressões mais violentas desde o impulso da guerra de dominação nacional em 2014.
A ofensiva teve início com um bombardeio que executou Bahaa Abu al-Ata, um dos principais comandantes do grupo Jihad Islâmica, um dos grupos que compõe a Resistência Nacional da Palestina, além do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), que administra a região costeira.
Em resposta à morte de seu comandante e da esposa daquele, a Jihad Islâmica disparou cerca de 450 foguetes contra Israel, fazendo soar as sirenes de alerta ao sul e no centro do país sionista, inclusive na própria Tel Aviv, capital comercial israelense, segundo as Forças Armadas de Israel. A Jihad Islâmica também denunciou que, no mesmo dia, outro de seus líderes políticos teve sua casa bombardeada em Damasco, capital da Síria, levando à morte seu filho e sua neta, e acusou Israel de também ser responsável pelo ataque.
A retaliação da Resistência causou diversos danos a prédios e estruturas urbanas no enclave sionista. Uma fábrica na cidade de Sderot foi atingida e incendiada, e algumas estradas e rodovias ficaram interditadas, após serem atingidas por foguetes.
O Exército de Israel afirmou que seu escudo anti-mísseis, o Iron Dome, havia interceptado 90% dos projéteis, porém segundo informações do monopólio de imprensa El País o sistema defensivo não foi ativado em 60% dos lançamentos provindos de Gaza. No dia seguinte ao início da ofensiva da Resistência, a ocupação militar israelense na fronteira já tinha sido intensificada, com baterias blindadas e de artilharia mobilizadas para o caso de realizar-se uma operação terrestre.
Poucas horas após o início dos ataques aéreos, os hospitais de Gaza já haviam declarado estado de emergência, e funcionaram atendendo às centenas de feridos pelo fogo inimigo. Segundo o Ministério de Saúde palestino em Gaza, 111 palestinos ficaram feridos, além dos 34 mortos, dos quais oito eram crianças.
O caso que mais repercutiu dos crimes de Israel cometidos contra o povo palestino nessa sequência de ataques foi o da família Abu Malhous, moradores de Deir al-Balah (uma cidade no centro de Gaza), cujos oito membros da família, incluindo quatro crianças e duas mulheres, foram mortos após um avião israelense F16 reduzir a escombros a sua casa com um míssil. No dia 14, o funeral da família reuniu centenas de palestinos na mesquita de Al-Mujahideen (que pode ser traduzido como “Combatente”) que carregavam bandeiras pretas da Jihad Islâmica.
De acordo com o movimento resistente Hamas, Israel “assume total responsabilidade por todas as consequências dessa escalada” e declarou que a morte de Abu al-Ata “não ficará impune”.
A Faixa de Gaza se encontra há mais de dez anos sob um cerco e invasão militares conjuntos de Israel e do Egito, confinando mais de dois milhões de palestinos a uma prisão a céu aberto, sem liberdade de ir e vir e sob cotidianos ataques e bombardeios. Na última guerra de agressão em Gaza, em 2014, estima-se que mais de 2,2 mil palestinos foram mortos durante as incursões aéreas e terrestres das Forças Armadas israelenses.
Cessar-fogo frágil
Na madrugada do dia 14, após dois dias de confrontos, o porta-voz da Jihad Islâmica, Musab al-Braim, anunciou um cessar-fogo com as forças de Israel mediado pelo Egito que entrou em vigor no mesmo dia, segundo informações veiculadas pela agência de notícias Reuters. Segundo ele, o acordo previa que Israel cessasse os ataques aéreos e o uso de artilharia letal na repressão às manifestações semanais da Marcha do Retorno contra a ocupação que ocorrem perto do muro que isola a Faixa de Gaza.
No entanto, dois dias depois do anúncio do cessar-fogo, no dia 16, Israel voltou a realizar ataques aéreos, dessa vez direcionados contra alvos selecionados do Hamas, e não da Jihad Islâmica, de acordo com informações do próprio Exército.
Terror contra Gaza como estratégia
A onda de agressões contra Gaza aparece como a mais recente manobra política do ex-primeiro-ministro israelense, o genocida Benjamin Netanyahu. Após uma perda nas últimas eleições, que foram inconclusivas, o sionista de extrema-direita que agora lidera um governo interino parece querer perpetuar sua carreira política (abalada por diversos escândalos de corrupção) a partir da propaganda gerada pela mobilização do Exército contra o “inimigo” palestino.
O principal “rival” de Netanyahu na farsa eleitoral israelense, Benny Gantz, ex-chefe das Forças Armadas, também se coloca como um apoiador fervoroso de fortalecer a repressão e o cerco à Gaza, porém Netanyahu parece querer provar que está apto a levar suas propostas sanguinárias.
A exemplo de demonstrar sua política antipalestina, poucos dias antes do início dos ataques, Netanyahu nomeou como seu ministro da Defesa o fascista Naftali Bennett, aberto defensor da perseguição a grupos palestinos na Faixa de Gaza.