Novo Exército do Povo das Filipinas celebra seu 51º aniversário

Novo Exército do Povo das Filipinas celebra seu 51º aniversário

Combatentes do Novo Exército do Povo. Foto Banco de Dados AND

Em 29 de março de 2020, o Novo Exército do Povo (NEP) das Filipinas celebrou seu 51º aniversário. O NEP, dirigido pelo Partido Comunista das Filipinas (PCF), foi fundado em 1969, reunindo veteranos da luta guerrilheira e jovens comunistas. Iniciou-se, naqueles idos, a Guerra Popular dirigida pelo PCF e realizada pelo NEP, cujo objetivo é a Revolução de Nova Democracia, antifeudal e anti-imperialista.
Publicamos a seguir trecho retirado do documento Um breve histórico do Partido Comunista das Filipinas por ocasião do 20º aniversário de sua reconstituição, de Armando Liwanag, Presidente do Comitê Central do PCF, em 26 de dezembro de 1988.

“Em 29 de março de 1969, poucos meses após a reconstituição do Partido Comunista das Filipinas, foi criado o Novo Exército do Povo (NEP). O restabelecimento do Exército Popular foi possibilitado pela articulação entre os dirigentes do proletariado das zonas urbanas e a rede de antigos combatentes do Exército do Povo que juntos rechaçaram a camarilha mafiosa de Taruc-Sumulong.

O NEP surgiu com sessenta combatentes, armados com nove fuzis automáticos, vinte e seis rifles de tiro único e revólveres, no segundo distrito de Tarlac. As massas camponesas de base compunham aproximadamente 80 mil habitantes, organizados principalmente através de uma associação camponesa legal administrada por comitês locais.

Através da realização de ofensivas táticas, o NEP conseguiu acumular cerca de 200 fuzis entre 1969 e 1970. Mas, desde o segundo semestre de 1969, o inimigo havia se concentrado na região de Lawin e organizou ‘unidades de defesa’ (BSDU) para operar contra o NEP. Em dezembro de 1970, o inimigo anunciou a eliminação do NEP e do movimento camponês, porque algumas unidades do Novo Exército do Povo tinham sido destruídas e dezenas de líderes camponeses assassinados.

O inimigo tinha pouca consciência do fato de que, desde o início de 1969, quadros do PCF haviam sido enviados para a construção do Plano de Ação Nacional, criando organizações camponesas e outras organizações de massas nas áreas rurais de Isabela, uma província ao norte de Luzon. A maioria dos quadros implantados em várias regiões do país foi treinada nessa região. Eles se juntaram aos dirigentes do partido e militantes, bem como ativistas de massas formados pelo movimento de massas nacional urbano visando a transferência para o campo.

De 1969 a 1971, um número significativo de quadros da juventude proletária e organizações de massas foi capaz de alcançar mínima formação político-militar para desencadear a revolução armada e uma equipe com quadros e combatentes já temperada pelo trabalho revolucionário no campo.

O tormentoso primeiro trimestre de 1970 e o movimento de massas até 1972 se somou às ofensivas armadas em Tarlac e serviram para incentivar os revolucionários e as grandes massas populares para se lançarem à revolução democrática nacional.

Após a declaração da lei marcial em 1972, organizações legais urbanas (de massas) que se mantinham sob a bandeira democrática da ampla aliança do Movimento por um País Democrático foram proibidas e forçadas à clandestinidade. Quadros do Partido e ativistas de massas tiveram que ser absorvidos para o trabalho clandestino e transferidos para o movimento revolucionário no campo.

Apesar das prisões de membros do Comitê Central do PCF entre os anos de 1973 e 1977, o antigo esqueleto das organizações regionais do partido ganhou carne e músculos com o crescimento do movimento revolucionário armado. Já no final de 1974, todos os comitês regionais do Partido – que então eram nove – tornaram-se basicamente autossuficientes e não recebiam qualquer quantidade significativa de subsídio do Comitê Central.

Na década de 1980, o movimento de protesto urbano de massas avançou de forma ainda mais vigorosa. Os sindicatos progressistas cresceram enormemente tomando uma direção oposta aos sindicatos amarelos e conduziram os trabalhadores, levantando lutas econômicas e políticas. O movimento estudantil expandiu e intensificou sua luta por reformas democráticas, assim como a propaganda antifascista, anti-imperialista e antifeudal. As massas camponesas também tornaram-se mais ativas em ações de protesto.

As lutas combativas travadas pelas massas prepararam o caminho para um grande número de ações sem precedentes de 1983 até 1986, que envolveram a participação direta de 500 mil a 2 milhões de pessoas, e que finalmente causaram a queda de Ferdinando Marcos em fevereiro de 1986.

Até 1977, o Novo Exército do Povo possuía apenas mil fuzis, embora a base de massas, tanto em áreas urbanas como em rurais, chegasse a um milhão de pessoas. Pode-se dizer que, entre 1969 e 1979, a atividade mais generalizada das unidades do NEP foi a equipe de propaganda armada, que dedicou mais de 95% de seu tempo na zona rural.

Mas, em 1979, pelotões de ofensivas táticas passaram a agir com frequência, especialmente na ilha de Samar. Em 1981, ofensivas táticas surgiram em várias regiões, especialmente em Mindanao. Em 1983, as grandes ofensivas táticas eram generalizadas e o NEP já tinha acumulado cerca de 5 mil fuzis potentes.

O crescimento da força armada tem sido gradativo. Atualmente [dados de 1988], o número de fuzis potentes é de cerca de 10 mil, sem contar as 7 mil armas de fogo menos potentes. As unidades do NEP operam em pelo menos 60 frentes guerrilheiras abrangendo 12 mil aldeias ou porções significativas de 800 municípios e 63 províncias das Filipinas.

Em vinte anos de existência, o Partido Comunista das Filipinas tem consistentemente provado ser o partido de vanguarda do proletariado filipino e do povo filipino, porque tem sido guiado pelo marxismo-leninismo, criativamente aplicado na prática concreta da revolução filipina, estimulado, organizado e mobilizado milhões de massas, procedendo a crítica e autocrítica com base nos fatos e com o objetivo de firmar a unidade e a intensificação da luta revolucionária.”.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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