Novo genocídio: Luiz Inácio aprova nova obra que atravessa 122 km de território indígena

Luiz Inácio segue com genocídio indígena. Foto: AP Photo / Eraldo Peres

Novo genocídio: Luiz Inácio aprova nova obra que atravessa 122 km de território indígena

No dia 4 de agosto, Luiz Inácio assinou uma ordem de serviço para as obras de uma nova linha de transmissão que atravessará cerca de 122 quilômetros do território indígena Waimiri Atroari, do povo Kinja. A obra é mais um ataque contra os direitos dos povos indígenas no Brasil, após a aprovação do Marco Temporal no Congresso Nacional, em maio deste ano.

A assinatura ocorreu durante a preparação para a hipócrita “Cúpula da Amazônia” e no mesmo dia que indígenas Tembé eram alvos de forte repressão da Polícia Militar e da pistolagem, em Tomé-Açu, Pará, após terem denunciado a atuação do latifúndio local em um evento promovido pelo governo. 

O projeto busca conectar o estado de Roraima, atualmente abastecido por termelétricas, ao sistema elétrico nacional. A obra engloba cerca de 715 km entre Manaus e Boa Vista, dos quais 122 atravessaram o território indígena localizado entre o Amazonas e Roraima. O primeiro encaminhamento do projeto se deu sob o governo Bolsonaro (que defendia fortemente a ideia da obra), e agora avança nas mãos do governo de Luiz Inácio.

Genocídio repetido 

O povo Kinja já foi vítima antes dos projetos reacionários de “desenvolvimento” do velho Estado brasileiro. Durante as décadas de 1970-80, sob o regime militar, a etnia foi vítima de ataques com veneno e bombas por parte de grupos reacionários enviados para “limpar” a região para o desenvolvimento. Ataques com armas de fogo, esfaqueamentos e degolas também foram realizados por parte dos emissários do regime. 

Além dos ataques diretos, houve ainda o genocídio por meio de doenças levadas aos indígenas durante as obras para abertura da rodovia BR-174, que hoje liga Manaus à Boa Vista e à fronteira entre Pacaraima e Santa Elena do Uairén, na Venezuela. 

Um relatório da própria Comissão Nacional da Verdade afirma que a população dos Kinja reduziu de 3 mil, nos anos de 1970, para 332, na década de 1980.

Aliança anti-indígena 

O novo megaprojeto de Luiz Inácio ocorre também em aliança com o avanço do “Marco Temporal”, que foi aprovado no Congresso Nacional em maio e agora aguarda aprovação no Senado. Apesar de Luiz Inácio ter promovido uma demagogia contra o PL, seu projeto “desenvolvimentista” (do qual faz parte a obra da nova linha de transmissão) se beneficiará muito da aprovação da medida. 

Além de restringir a demarcação de terras no País e proibir a ampliação dos territórios já demarcados (medidas pelas quais o projeto é mais conhecido), o “Marco Temporal” busca acabar com a necessidade de consulta prévia dos indígenas para instalar bases militares, implementar rodovias, ferrovias, hidrovias e construir hidrelétricas. Assim, as grandes obras de Luiz Inácio (como a recente linha de transmissão ou as prometidas em seu “Novo PAC”) não precisarão nem mesmo das aprovações das fajutas e manipuladas “consultas públicas do governo”. 

O governo de Luiz Inácio em aliança com o “Centrão” continuará com os crimes e genocídio histórico e sistemático contra os povos indígenas.

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