Em ato no Pará, estudantes erguem faixa exigindo punição aos assassinatos dos três camponeses da Área Ademar Ferreira, em Nova-Mutum Paraná, Rondônia. Foto: ExNEPe
Em 13 de agosto, uma nova ação criminosa que resultou em assassinatos e prisões foi desatada pela Polícia Militar em conjunto com a Força Nacional de Segurança Pública a mando do velho Estado contra os camponeses em luta pela terra organizados pela Liga dos Camponeses Pobres (LCP) que vivem em Rondônia. Em meio a escalada de violência e criminalização foram assassinados Amarildo (49), Amaral (17) e Kevin (21), moradores da Área Ademar Ferreira, em Nova-Mutum Paraná.
Em resposta ao chamado feito pela LCP aos democratas do Brasil a condenarem mais este crime deste governo militar criminoso, diversas entidades e organizações populares novamente se posicionaram denunciando as ações contra o povo, demonstrando solidariedade aos camponeses e exigindo punição aos assassinos.
Estudantes levantam faixas exigindo justiça
Em 18 de agosto, estudantes paraenses em conjunto com a Executiva Nacional de Estudantes de Pedagogia (ExNEPe) levantaram uma faixa com a frase Punição aos assassinos de Amarildo, Amaral e Kevin! Viva a Revolução Agrária! Viva a LCP! durante o ato dos servidores públicos contra a Reforma Administrativa.
De acordo com a ExNEPe, os denunciaram do início ao fim da manifestação o covarde assassinato dos três camponeses e as prisões de trabalhadores ocorridas em nova Mutum-Paraná durante a mesma operação.
Docentes prestam solidariedade e apontam contra o velho Estado
O Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN) em nota prestou solidariedade aos camponeses da Área Ademar Ferreira e denunciou os assassinatos dos trabalhadores. Segundo a entidade, o fato “trata-se de uma ação criminosa, coordenada pelo Estado, contra a luta pelo acesso à terra, onde historicamente o latifúndio impõe sua regra e lógica de morte”.
O Andes-SN afirmou também que a prática terrorista já acontecia antes mesmo deste ataque e denunciou que operam, nos meandros do Norte do país, a política genocida, paramilitar de Bolsonaro à serviço do latifúndio.
A entidade, por fim, reafirmou estar ombro a ombro com a luta dos camponeses pelo direito à terra e ao trabalho digno e exigiu punição imediata aos executores e mandantes dos assassinatos e pela liberdade dos camponeses presos em meio à operação.
A Associação dos Docentes da Universidade Federal de Ouro Preto (Adufop) uma das seções sindicais do Andes-SN repercutiu a notícia e a posição da entidade.
Movimentos e organizações denunciam violência de Estado
A Comissão Pastoral da Terra (CPT) lançou uma carta em repúdio à intervenção e ao cenário brutal no Estado, assinada também pela Ouvidoria Geral Externa da Defensoria Pública do Estado de Rondônia, Luciana Riça Mourão Borges (GEPE-Front/UNIR), Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH Brasil), Articulação para o Monitoramento dos Direitos Humanos no Brasil .
A entidade afirmou que o velho Estado age com nítido incentivo aos processos de Regularização Fundiária a favor dos grileiros de terras e do latifúndio, o que “tem se desdobrado em práticas de violência cometidas contra povos indígenas, quilombolas, camponeses e demais comunidades tradicionais”.
A CPT denunciou o envio pelo Ministério da Justiça autorizou o envio da Força Nacional para atuar em Rondônia por 90 dias, afirmando que “o destacamento chegou ao Estado em 15 de junho e já executou diversas ações sob a alegação de combater supostas organizações criminosas que invadem propriedades particulares rurais” e constatou que ao longo dos últimos meses, houve um aumento no número de despejos, maior violência no campo, e assassinatos.
As organizações que também assinaram a carta, se solidarizam com os camponeses e reafirmaram que “a paz no campo se faz com a garantia do direito à vida, fundamentalmente o acesso ao território e dignidade dos povos, comunidades tradicionais e camponesas”.
A União da Juventude Comunista de Rondônia (UJC-RO) em nota afirmou que sinalizou o avanço da violência reacionária e criminalização de movimentos populares e denunciou que a covarde ação visa proteger os latifundiários que dominam Rondônia.