O aumento do salário mínimo ainda é insuficiente para sobrevivência digna do povo

Políticas de "valorização" do salário mínimo e isenção do imposto de renda são incapazes de resolver carestia de vida e miséria. Piso salarial continua mais de R$ 5 mil abaixo do necessário para sobrevivência.
Após aumento magro do salário, valor continua mais de 5 mil reais abaixo do necessário para sobrevivência. Foto: Cristiano Mariz/ Agência O GLOBO

O aumento do salário mínimo ainda é insuficiente para sobrevivência digna do povo

Políticas de "valorização" do salário mínimo e isenção do imposto de renda são incapazes de resolver carestia de vida e miséria. Piso salarial continua mais de R$ 5 mil abaixo do necessário para sobrevivência.

Após um magro aumento no salário mínimo em maio, Luiz Inácio sancionou uma nova política de “valorização” do salário mínimo no dia 28 de agosto. Até o momento, nenhuma das medidas prometem resolver de fato o problema da carestia do povo brasileiro. A nova lei, que busca atrelar os reajustes anuais do salário à inflação medida pelo INPC e ao crescimento real do PIB, prevê um reajuste em 2024 para R$ 1.461. O mínimo necessário para sobrevivência em julho, segundo o Dieese, era de R$ 6.528,93. 

No mesmo dia, Lula sancionou também a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 2.112. O valor ainda é cerca de R$ 4,4 mil abaixo do mínimo para sobrevivência, mas quem ganha acima dele terá que pagar o imposto mesmo assim. 

As medidas ocorrem após uma ausência de pelo menos seis anos sem aumento real no salário mínimo. Nem a política de “valorização”, nem o aumento de maio buscaram levar em conta a defasagem salarial acumulada nesse período, de governo Bolsonaro e Temer. Os índices do Dieese, por sua vez, que apontam para o mínimo necessário para a sobrevivência, há décadas não são considerados pelas classes dominantes. 

Nesse sentido, as manobras cosméticas estão longe de resolver o problema da carestia de vida, tamanha é a crise que se instaurou e continua a se desenvolver no País. Desde o ano passado, o consumo das famílias tem diminuído de forma progressiva e crescente. Entre abril e junho de 2022, houve uma alta de consumo de 1,9%. No trimestre seguinte, caiu para 0,8%. A tendência de queda continuou: 0,4% entre outubro e dezembro. Em seguida, atingiu uma “alta” de 0,2% no primeiro trimestre de 2023. O saldo do período ficou em uma redução de 1,7% em menos de um ano.

A capacidade de compra do povo brasileiro (e aqui trata-se de itens básicos para a sobrevivência) é tão pequena que, após o aumento salarial de maio deste ano, as famílias só conseguiam comprar cerca de 1,6 cesta básica com o valor. Mesmo com a nova medida de “valorização” salarial, as famílias ainda assim não conseguirão comprar duas cestas básicas. Destaca-se que essa quantidade ainda não seria o suficiente para a sobrevivência, sobretudo ao considerar que se trata de apenas alimentação, sem contar os gastos com saúde, educação, transporte e dívidas. 

A verdade é que resolver o problema da miséria das massas não está nos planos do atual governo – assim como não esteve nos demais governos das classes dominantes brasileiras –, que busca equilibrar-se entre a necessidade de manter a “boa aparência” frente às massas populares sem chocar-se com os interesses das classes dominantes e o imperialismo (o dito “mercado”), quem dita de fato o que será aprovado e limita os “aumentos” do salário. O que Luiz Inácio busca, e até agora não tem conseguido, é aliviar a pressão de insatisfação popular acumulada até aqui sobre seu governo ao cumprir o mínimo das medidas oportunistas assumidas em sua campanha eleitoral.

Todavia, a maquiagem será incapaz de disfarçar todos os cortes e medidas antipovo até aqui aprovados e que continuam a avançar sob sua égide, como o arcabouço fiscal, a reforma tributária e o “marco temporal”.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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