O enterro definitivo do mito da invencibilidade de Israel

Para quem se apresentava como uma força colossal, não conseguir dominar uma área tão pequena, equivalente a 365 Km², exterioriza fraqueza
Combatente do Hamas posiciona explosivo em tanque Merkava. Foto: Reprodução

O enterro definitivo do mito da invencibilidade de Israel

Para quem se apresentava como uma força colossal, não conseguir dominar uma área tão pequena, equivalente a 365 Km², exterioriza fraqueza

Este é o quinto texto de uma série cujo objetivo é trazer à tona elementos que compõem uma análise da derrota de Israel.

A economia israelense está profundamente imbricada com sua dinâmica de ser um laboratório de guerra e dominação colonial. Desta forma, os setores militares e de segurança compõem uma parcela significativa da sua economia, em geral, e também de sua produção considerada de alta tecnologia.

A capacidade de propaganda e de mistificação de suas capacidades bélicas, relacionadas a seu exército e treinamento, alta capacidade de espionagem e suas sofisticadas tecnologias em armamentos/softwares são elementos fundamentais para a comercialização de seus produtos, em uma lógica de mercado. Além disso, o mito do invencível está ligado à visão religiosa do escolhido por Deus e serve, substancialmente, para criar temor nos adversários e coesão ao seu projeto. É bem verdade que esse mito é sabidamente falso pelas forças da resistência, há muito tempo, pois compreendem muito bem que não lutam somente contra Israel, mas fundamentalmente contra os impérios que o sustentam. Nessa direção, o Estado colonizador judaico sionista sempre se vendeu ao mundo como o suprassumo da tecnologia no campo militar.  

Como ficará sua imagem falseada ante a realidade dos confrontos com forças assimétricas, em especial as palestinas, na Faixa de Ghaza?

A resistência palestina produziu dezenas, se não centenas, de imagens contundentes sobre tal mistificação do poderio israelense. Vimos como um exército, que vive a maior parte de seu tempo, funcionando como uma espécie de polícia colonial, rende diante de combates com forças minimamente treinadas e equipadas. Israel e seu exército são soberbos em espancar, torturar e matar mulheres, crianças, idosos e adultos desarmados, ou seja, diante basicamente de civis. A sua capacidade de estabelecer domínio em áreas com confrontos irregulares, do tipo guerrilha, com forças assimétricas, se mostrou explicitamente ineficiente. Para quem se apresentava como uma força colossal, não conseguir dominar uma área tão pequena, equivalente a 365 Km², exterioriza fraqueza. Para compensar a impotência e esconder esta ineficiência militar, os bombardeios sobre civis em hospitais, escolas, áreas residenciais, abrigos etc. foram a tônica dos mais de 450 dias de genocídio contra o povo palestino. Aliás, a Força Aérea israelense pode executar tais atos, pois não possui oposição alguma por parte da resistência palestina nesse quesito.

Nos vídeos das forças de resistência palestina, alguns realizados com altíssima qualidade, vimos como os soldados do exército israelense, provavelmente forças recrutadas e não profissionais, eram vítimas fáceis em combate. Executavam movimentos completamente inapropriados para os confrontos que estavam enfrentando em terra. 

Mais ainda… na lógica comercial dos produtos da indústria bélica israelense como ficará o tanque Merkava? 

Em sua propaganda oficial – última geração do Merkava – são anunciadas tecnologias que o “fazem superior a qualquer outro em combate”. Dezenas de imagens das forças palestinas neutralizando, com armas rudimentares, este tanque com sua “alta tecnologia” de armadura contra mísseis, lançador de granadas, canhão de 120 mm, metralhadora 7.2 mm, proteção contra minas e dispositivos capazes de detectar ruídos e infravermelho. Alguém comprará esta mercadoria ineficiente após visualizar o que os palestinos fizeram com ela? Alguém ainda acreditará na propaganda fantasiosa de sua “formidável capacidade bélica”?

Após a retirada das forças israelenses da Faixa de Ghaza, como parte dos acordos de cessar-fogo, descobrimos um cemitério de tanques Merkava e, junto com eles, as forças guerreiras palestinas (assim como libanesas) enterraram o mito do exército invencível de uma vez por todas.

Yasser Jamil Fayad coordenador do Movimento pela Libertação da Palestina – Ghassan Kanafani, poeta e autor do livro “Amálgama de luta e beleza: somos todos palestinos”.

Esse texto expressa a opinião do autor.

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