O julgamento no TSE de um Bolsonaro (ainda mais) acovardado

Julgamento pode tornar Bolsonaro inelegível por 8 anos
Mateus Bonomi/AGIF - Agência de Fotografia/Estadão Conteúdo

O julgamento no TSE de um Bolsonaro (ainda mais) acovardado

Julgamento pode tornar Bolsonaro inelegível por 8 anos

Hoje, 22 de junho, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) iniciou o julgamento do processo que pode tornar Bolsonaro inelegível por 8 anos. O julgamento, iniciado nesta manhã  e suspenso até terça que vem, pode determinar a perda dos direitos políticos de Bolsonaro.

A acusação contra Bolsonaro, o Fraco é de que ele desviou a finalidade da reunião com os embaixadores, que aconteceu 3 meses antes do primeiro turno das eleições presidenciais de 2022, utilizando-a para fins eleitorais, prevalecendo-se de abuso de poder e uso indevido dos meios de comunicação. Assim está sendo acusado. O processo inclui também o general Walter Braga Netto, que compunha a chapa como vice nas últimas edições da farsa eleitoral.

A base de acusação que consta no processo alega que Bolsonaro nesta reunião com os embaixadores acusou que o sistema eleitoral brasileiro é falho e afirmou ter provas de fraudes de processos eleitorais passados. Ao TSE, a defesa de Bolsonaro, feita pelo advogado Tarcísio Vieira, alegou que a reunião com embaixadores e representantes não teve caráter eleitoral: “O presidente, sim, talvez, em um tom inadequado, ácido, excessivamente contundente, fez colocações sobre o sistema eleitoral brasileiro, sobre aprimoramentos necessários sobre o sistema de colheita de votos”.

Ao monopólio de imprensa CNN, Bolsonaro fez-se de coitado: “Eu não sei por que criar uma tempestade num copo d’água, apenas foi conversado com eles como funcionava o sistema eleitoral”, disse. Ele ainda argumentou que “não falei a palavra fraude ali, no tocante às futuras eleições”.

Bom, noves fora a conversa mole, a verdade é que Bolsonaro fez, sim, tudo o possível para “virar a mesa” com uma ruptura, e não há no País quem não ache isso. Hoje, as pessoas se dividem entre quem ache que isso era necessário e justo, e quem ache condene isso.

O que chama a atenção é que, aquele Bolsonaro arrojado, cheio de vontade de agitações inflamadas para suas hordas de galinhas verdes, deu lugar a um covardão, em conteúdo e forma.

Por que Bolsonaro não assume suas convicções, seus atos e os justifica com sua purulenta ideologia? Bolsonaro, ao agir como um fujão, age, na verdade, de acordo com sua ideologia anticomunista. Depois de instigar a bolsonarada de 8 de janeiro, fugindo do País antes, agora age como se aquilo tudo nada tivesse a ver com ele. É uma desonra constrangedora, até para um extremista de direita. Toda a intervenção de sua defesa tem um elemento central: o medo do Bolsonaro, o Fraco, ir para a cadeia, o que tem governado todas as suas ações. Medo que o próprio Bolsonaro verbalizou tantas vezes. Tal como o grande herói da extrema-direita Daniel Silveira, que quando foi preso, segundo relatos constrangedores, chorava dia sim, ou também; ou o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, que deu igual exemplo de valentia.

É evidente a gravidade das provas que se acumulam contra Bolsonaro e seus sequazes. Mas igualmente grave é a atitude do TSE que assistiu a essas ações e nada fez enquanto o processo se desenrolava. Para lembrar algumas ações de escancarado abuso de poder do Bolsonaro nas eleições: a reunião com os embaixadores; a descarada interferência da PRF no Nordeste do país durante o primeiro e segundo turnos; o uso ilegal de programas de governo de cunho assistencialista às vésperas da eleição, tentando “comprar voto”. Há muitas outras. Toda a configuração de um golpe de Estado total, em contestação às eleições, não foi suficiente. Por quê?

Fato é que o TSE também foi complacente, porque seus ministros temiam a reação do Alto Comando frente à sua ação; morriam de medo de que o ACFA tomasse posição por uma ruptura institucional. O que comprova, no fim das contas, que quem está tutelando o País são as Forças Armadas, determinando o comportamento das demais instituições, pelo medo que elas possuem de que o ACFA intervenha. É o método persuasório e de dissuasão, tão presente nos manuais de guerra de baixa intensidade. Deste modo os generais anticomunistas estão, na prática, dando a última palavra sobre todos os assuntos que julgam centrais.

Ora, no final das contas, se todas essas arapucas de Bolsonaro tivessem dado resultado e ele tivesse vencido as eleições, sob várias formas de fraude, o TSE nada faria. Esse é o tal tribunal que é “guardião da democracia”, a “democracia” das baionetas do ACFA. Velha democracia que, no Brasil, há muito, já não é mais capaz de mediar os conflitos, nem para os de cima e nem para os de baixo. Sobre Bolsonaro, embora seja óbvio que ele transgrediu todas as normas dessa velha democracia falida, a verdade é que para a luta de classes é indiferente se ele ficará ou não inelegível. Indiferente, pois o crescimento da extrema-direita independe dele. O crescimento extrema-direita é resultado de quase 35 anos de frustrações do povo com a velha democracia inaugurada em 1988 e com todos os partidos, inclusive da falsa esquerda, que passaram pela administração e não cumpriram sua promessa. O fracasso da velha democracia e da falsa esquerda oportunista é que geraram a extrema-direita. Para combatê-la, portanto, é necessário apresentar às massas o verdadeiro caminho democrático: a nova democracia, apoiada na nova economia e numa nova cultura.


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