O mito da superioridade educacional do Ceará

O mito da superioridade educacional do Ceará

Não foi por casualidade que Luiz Inácio escolheu na formação do seu governo Camilo Santana para o Ministério da Educação e Izolda Cela para Secretária Executiva do MEC. Estes bisonhos dão corpo ao mito construído pela camarilha PT-PDT do Ceará como referência para a educação nacional. Portanto não seria adequado atribuir a crítica a Educação escolar no Ceará somente ao PT, O PDT criou o mito e o PT o desenvolveu.

O mito construído pela oligarquia Ferreira Gomes se assenta sobretudo no programa de Avaliação Imperialista PISA gerenciado diretamente pelo Banco Mundial, esta avalia língua nativa e matemática, Como nos alerta intelectuais como Luiz Carlos de Freitas os alunos são condicionados a preencher uma prova de múltipla escolha e todo o resto é desconsiderado/ignorado, os alunos aprendem a fazer uma prova, ou seja, muito longe do papel da escola em ser portadora/reprodutora do conhecimento historicamente sistematizado da humanidade em cada indivíduo singular, ou seja do conhecimento da ciências em suas linhas gerais e métodos tal e qual formula a Pedagogia Histórico-crítica. 

Em Sobral, reduto da oligarquia Ferreira Gomes, em o que Jose Euclides, pai de Ciro/Cid foi prefeito durante o regime militar, impõe-se uma política de total adequação aos parâmetros de qualidade do instrumento de aferição de qualidade do Banco Mundial, o PISA, nem que por vezes se passe um semestre sem lecionar outras disciplinas além de Português e Matemática, se cobre planejamento semanais aos docentes especificamente a este fim e não atinjam a lei de um terço de planejamento tal como estabelecido na lei do piso.

De uma forma tal que o PISA, que no Ceará se chama Spaece não nos serve como bom elemento avaliador das escolas públicas do Brasil. Se por analogia tomarmos a experiência educacional dos “brizolões” realizados pelo PDT de Ciro na década de 1980, realizada por Darcy Ribeiro e Lionel Brizola, experiência educacional mais avançada do Brasil que disponibiliza quadra poliesportiva, piscina, teatro ou seja, possibilitava que o ensino integral fosse de fato vivenciado pela criança.

Nessas escolas, longe de estreitar a qualidade do ensino pelo critério curricular encontrávamos a qualidade da educação em toda sua concepção desde alimentação escolar até sua infraestrutura. Isso nos leva ao questionamento da qualidade não apenas das escolas do Ceará, mas também da UECE (Universidade Estadual do Ceará). A situação da UECE é deplorável, não há sequer pessoal de limpeza o suficiente, a sensação é de abandono. 

Se é bem verdade que esse legado da UECE abandonada, que está interiorizando o seu abandono, vem de, pelo menos, os Ferreira Gomes, Elmano de Freitas/PT dobrou a aposta ao afirmar de forma lacônica que “Professor que ganha 14 mil não pode recusar dar a aula a pobre que ganha 1400” como se a pobreza do Ceará se devesse aos “altos” salários dos professores, omitindo que este calhorda exonerou de impostos mais de 2,3 bilhões de reais principalmente dos negócios das 17 famílias bilionárias do Estado.

UECE: UNIVERSIDADE EM EXPANSÃO?

No lema do Ceará três vezes mais forte, com Camilo Santana/PT no MEC, Elmano de Freitas/PT no Governo do Estado e Lula da Silva tinha carro chefe a defesa da educação.  Contudo, pouco tempo depois, a greve dos profissionais em educação, tanto das Universidades Estaduais (UECE, URCA e UVA) bem como da greve dos técnicos das Universidades Federais e dos Institutos Federais foi o suficiente para tanto Elmano se negar a negociar com os professores. 

Dentro dessa campanha de marketing da camarilha PT-PDT, a Universidade Estadual do Ceará é representada enquanto uma universidade exemplar pelo seu processo de “interiorização”, de expansão para todos os rincões do estado. No entanto, a verdadeira natureza desse processo é convenientemente posta de lado, na medida em que “não pega bem” para o governador Elmano o fato de que essa mesma expansão é realizada às custas da manutenção dos campi já existentes, marcados por uma infraestrutura precária, pela baixa disponibilidade de bolsas, alimentação inadequada fornecida aos estudantes dos cursos noturnos e pela alarmante escassez de 482 docentes, atingindo a maioria dos cursos de graduação.

A reitoria da UECE encabeçada por Hidelbrando Soares, que tanto faz uso de seu passado no movimento estudantil para vender sua imagem de “reitor democrático” e que “ouve as demandas dos estudantes”, afirma se comprometer a tomar medidas para construir os RUs pendentes (a maioria dos campi não têm RUs próprios) e suprir as demais deficiências da UECE, mas sem nunca definir um prazo sequer. Além disso, sempre alegam que tais problemas da universidade se devem pela falta de verbas, mas sem nunca explicitarem para onde e para o quê a verba já existente é destinada.

As pastas ministeriais, que já lotadas por políticos da velha ordem e seus conchavos com monopolistas da educação na gerência de turno de Luiz Inácio/Alckmin apostam em novas, e ao mesmo tempo já velhas maneiras de engendrar à revelia de toda a classe docente e comunidade estudantil, o ensino técnico/profissionalizante na educação de jovens no Ceará, mas como também no restante de todo o território nacional. 

Em recente entrevista ao monopólio midiático Métropoles, o então ministro da educação Camilo Santana (PT) declarou que a implementação do Novo Ensinou Médio não se trata de uma “disputa política”. Dando a entender que, essa proposta está sendo deliberada com o aval da atual gerência de turno, sem condição nenhuma para a revogação dela. É importante frisar que Camilo, ex-governador do Ceara e aliado de Cid Gomes foi escolhido por Lula junto com Izolda Cela por conta do mito da qualidade educacional superior no Ceará.

Construir de fato uma educação de qualidade no Ceará signfcaria uma melhoria na estrutura e investimento em recursos humanos, isso significaria uma UECE que não tivesse literalmente caindo aos pedaços, e a construção de grandes escolas com quadras poliesportivas e grandes áreas de leitura, no Ceará ainda é muito comum que as escolas sejam espaços pequenos cedidos ao Estado ou as prefeituras, esses modelos de escolas precisam acabar, e para começar é preciso acabar com essa farsa, com o mito da superioridade educacional do Ceará.

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