A 8a rodada da pesquisa Genial/Quaest foi divulgada na noite de 7 de maio e constatou um empate técnico em que 50% aprovam e 47% desaprovam (margem de erro de 2.2 pontos percentuais). Os seus resultados são particularmente importante para observar qual é a tendência de comportamento dos brasileiros que não votaram nem em Luiz Inácio, nem em Bolsonaro no segundo turno da farsa eleitoral de 2022. Se, em um período do ano de 2023, esse grupo estava tendendo à avaliar positivamente o governo de Luiz Inácio, hoje estão desiludidos e tendentes à não apoiar nenhum dos dois lados da falsa polarização política.
Permanece igual a tendência a manter o posicionamento tanto entre os que votaram em Luiz Inácio (60 milhões), como também os que votaram em Jair Bolsonaro (58 milhões). Enquanto o governo se equilibra há muito tempo nas pesquisas de opinião que têm registrado aumento da rejeição popular, o fator dinâmico é realmente os que não votaram em ninguém.
O boicote à farsa eleitoral em 2022 reuniu o número notável de 50 milhões de brasileiros. Mesmo diante da agitação bolsonarista contra o PT, decidiram não votar no capitão genocida. E também não se sensibilizaram pelas promessas do petista, que durante as eleições afirmou que iria enfrentar a política aplicada pelo governo de Bolsonaro e militares. Trata-se, portanto, de um grupo que está em disputa em torno dos dois eixos da falsa polarização. Pelos resultados da pesquisa, não é possível afirmar que tal grupo pendeu nem para um lado, nem para outro.
Principais resultados
Foi registrado um aumento na aprovação ao governo na região Sul. No período de realização da entrevista, o governo federal concentrou esforços em direcionar ajuda humanitária à região, fortemente atingida pelas consequências de anos e anos de cortes de verbas na prevenção aos eventos climáticos extremos. Contudo, o diretor da Quaest, Felipe Nunes, afirmou que a maior disputa do governo Lula, desde a eleição de 2022, é mesmo na região Sudeste. A região concentra a maior parte dos eleitores do País e é também a que mais reprova o governo. Ali, 55% desaprovam e 42% aprovam. No Sudeste, a desaprovação ao governo aumentou 3 pontos percentuais em relação à última pesquisa realizada em fevereiro.
Entre os evangélicos, a desaprovação está em 58%. Neste patamar houve recuo de 4 pontos percentuais e a pesquisa constatou uma pausa na tendência de aumento registrada até então nas pesquisas anteriores. Também entre os evangélicos, 60% acham que o Brasil está na direção errada, um aumento de 7 pontos percentuais.
A avaliação geral do governo Lula está praticamente empatada: os que avaliam o governo como positivos e os que avaliam como negativos estão empatados em 33%. Já os que acham que o governo é regular representam 31% dos entrevistados. Por outro lado, cresceu o número dos que consideram que “o Brasil está na direção errada”, sendo hoje 49%. Em relação às promessas de campanhas, 63% avaliam que Lula “não tem conseguido fazer aquilo que prometeu”, enquanto somente 32% acreditam que Lula “conseguiu fazer aquilo que prometeu”.
Outros índices da economia registrados pela pesquisa são também negativos para o governo Luiz Inácio: 43% acham que, nos últimos 12 meses, o desemprego aumentou (contra 32% que acham que o desempregou diminuiu); 67% acreditam que o poder de compra dos brasileiros diminuiu; a percepção geral é de que os preços nos alimentos aumentou, assim como as contas de água e luz.
Como pensam aqueles que não votaram em ninguém em 2022?
A pesquisa Genial/Quaest também constatou que, dentre os brasileiros que votaram branco, nulo ou que não votaram, a rejeição ao governo federal subiu 7 pontos percentuais, chegando ao patamar de 56%. Não se trata de eleitores de extrema-direita, e nem de eleitores que passaram a apoiar o governo de Luiz Inácio. A pesquisa constatou que entre esse grupo também cresceu a percepção de que a economia brasileira está indo mal e que não está melhorando: 39% acham que piorou, 40% acham que ficou do mesmo jeito, enquanto somente 17% avaliam que houve melhoras.
A impressão de que o governo de Luiz Inácio entre esta parcela está indo mal cresceu. Ainda que à nível geral, exista um certo otimismo (quase 50% acreditam que a economia vai melhorar nos próximos 12 meses), a base para isso não é nem um pouco segura: o país não caminha para a geração de empregos sólida. Também não se vê da parte do governo federal nenhuma ruptura com a linha seguida até aqui.
O orçamento destinado para os camponeses representa 0,14% do orçamento do latifúndio. O latifúndio, que segue abocanhando mais de R$ 332 bilhões através do Plano Safra, para este ano deve seguir na mesma atoada: Geraldo Alckmin e Carlos Fávaro anunciaram na “Agrishow”, em Ribeirão Preto, que os valores vão se manter altos. Enquanto isso, para a chamada “reforma agrária”, o governo destinou R$ 520 milhões para o programa “Terra da Gente”.
Tomando o conjunto do povo brasileiro, a parcela mais propensa a desenvolver mais rapidamente um movimento consciente que atinja a raiz dos graves problemas do Brasil é mesmo os que não votaram nas últimas eleições. Sem os preconceitos próprios dos representantes políticos ligados à velha ordem (embora com contradições agudas entre si), esta parcela está, agora, muito suscetível à agitação dos progressistas e revolucionários.